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Convite ao estudo
Caro aluno,
Como já avançamos em nossos estudos, não é mesmo?
Iniciamos esta disciplina estudando a alimentação dos nossos ancestrais na pré-história e o modo como ela evoluiu até os dias de hoje, principalmente com a industrialização e o surgimento das refeições prontas e semiprontas processadas pela indústria, e também com o surgimento e a expansão dos restaurantes e fast-foods. Para finalizar a primeira unidade, enfatizamos as mudanças alimentares decorrentes desses avanços. Já na Unidade 2 o foco será conhecer a alimentação mundial, seus problemas e seus conceitos, além das diferenças dos hábitos alimentares encontrados ao redor do mundo.
Após esses conhecimentos, nos concentramos na alimentação do nosso país, nas suas diferenças e em alguns fatores que influenciam na formação de padrões alimentares.
Ao iniciar nossa terceira unidade – Aspectos culturais da alimentação – iremos ainda mais longe!
Nesta unidade vamos retomar alguns pontos e olhar para novos aspectos da relação entre a alimentação, a nutrição e a sociedade da qual fazemos parte.
Para iniciar, vamos estudar a mídia e o marketing, e a maneira como eles interferem na formação do comportamento alimentar e nas escolhas diárias de alimentação. Ainda pensando nesse sentido, vamos reforçar o impacto do padrão alimentar e estético dos dias de hoje na alimentação dos indivíduos e estudar as dietas que vêm sendo mais utilizadas para perda de peso.
Com essas questões fundamentadas, o olhar se voltará à formação dos hábitos alimentares e aos alimentos, suas características e à grande variedade que temos disponível nos dias de hoje.
Para isso, vamos reforçar alguns conceitos – como fast-food e processados – além de compreender outros tão importantes e atuais: dietético, light, integrais, orgânicos, biodinâmicos, hidropônicos, irradiados e transgênicos.
Assim, atingiremos o objetivo proposto pela disciplina que é compreender a importância da história da alimentação, sua evolução, nas diversas culturas da sociedade e seu impacto nutricional na coletividade.
Esses conceitos são extremamente importantes pois, com eles, podemos compreender as opções disponíveis no mercado e, dessa forma, não apenas fazer escolhas corretas, mas orientá-las, quando do exercício da profissão de nutricionista – foco da nossa última unidade.
Vamos continuar juntos nessa caminhada?
praticar para aprender
Basta ligarmos a televisão, olharmos para a cidade ou lermos uma revista para estarmos expostos a inúmeras informações e novidades. Na área da alimentação elas estão principalmente ligadas aos novos produtos desenvolvidos e suas qualidades nutricionais. Estamos tão acostumados com essa situação que nem percebemos o impacto que essas informações causam em nossas escolhas cotidianas.
Por isso, nesta seção vamos aprofundar nossos estudos sobre a nutrição, entendendo a maneira como a mídia influencia no comportamento alimentar, alguns aspectos relacionados ao marketing dos alimentos e as principais dietas utilizadas nos tempos atuais.
Ao iniciar o curso de graduação em Nutrição, Aline começou a ser frequentemente questionada pelos amigos e familiares a respeito da quantidade de calorias de determinados alimentos, além disso, recebe constantemente pedidos de “dietas” dessas pessoas.
Essa preocupação com a perda de peso chamou muito a atenção de Aline, que passou a observar a maneira como as pessoas se alimentam e se elas estão com o peso considerado adequado (aparentemente). A estudante ficou assustada com a quantidade de pessoas fazendo dietas, muitas vezes sem necessidade.
Ao chegar em casa, Aline encontra a sua irmã, Mariana, uma adolescente saudável que consome muitos produtos ultraprocessados, lendo uma revista de dietas. O que Aline deve aconselhar a sua irmã? Ela deve investir em uma dieta restritiva? Quais alimentos ela deve manter no seu dia a dia?
conceito-chave
A mídia como fator de influência no comportamento alimentar
Muito se fala da mídia e da sua influência no comportamento da sociedade, mas para muitos, seu significado ainda não é claro. Esse termo, no Brasil, começou a ser utilizado com frequência na década de 1990 e é sinônimo de imprensa e meio ou veículo de comunicação, ou seja, se refere aos veículos de difusão de informação, como jornais, rádio, televisão, revista e tantos outros.
A mídia, atualmente, representa a principal forma de divulgação de conceitos e ideologias, refletindo-se na maneira como as pessoas percebem e posicionam-se no mundo e, dessa forma, em diferentes medidas, determinando o comportamento dos indivíduos. Seu impacto no comportamento alimentar da população é muito grande, pois a alimentação representa não apenas uma necessidade biológica, mas também o desejo dos indivíduos. Como os desejos e, consequentemente, os hábitos alimentares são baseados na sociedade na qual esses indivíduos estão inseridos, a mídia tem um papel indiscutível nessas escolhas – tanto dos alimentos que devem ser consumidos quanto daqueles que devem ser evitados.
Como a construção do comportamento alimentar é predominantemente cultural, vale reforçar que hábitos de determinados grupos são rejeitados por outros, que vivem em contextos diferentes e com acesso a diferentes alimentos.
Uma questão muito importante a ser analisada é o papel da televisão e da internet na vida cotidiana das pessoas. Esses são os veículos mais utilizados para as ações de divulgação de produtos e marcas, visto que são os de maior impacto sobre o consumidor, pois a transmissão da mensagem ocorre através da imagem, do som e do movimento. Pensando na televisão, esta exerce um papel socializador importante desde muito cedo, tendo em conta que grande parte dos bebês ficam expostos a vídeos, desenhos e programas infantis. Essa mesma relação com a internet – através de celulares e tablets – cresce diariamente. A exposição das crianças e dos adolescentes às propagandas de produtos e alimentos – recurso muito utilizado pelas indústrias para estimular o consumo dos seus produtos – veiculadas nesses meios tem trazido muita discussão no Brasil, considerando que esses são os grupos mais vulneráveis a esse tipo de abordagem.
Reflita
Segundo Moura (2010), uma revisão de estudos feita pelo Comitê de Publicidade de Alimentos e Dietas de Crianças e Jovens do Instituto de Medicina dos Estados Unidos aponta uma forte evidência de que a propaganda televisiva influencia as preferências, os pedidos de compra e as opiniões sobre alimentos e bebidas por parte das crianças de 2 a 11 anos. Nessa mesma revisão encontra-se associação entre a exposição à propaganda e o excesso de peso de crianças e adolescentes.
Nesse sentido, evidencia-se que com poucos meses de vida os bebês já se interessem pelas propagandas de televisão, desenvolvidas justamente para atrair esse público. Ao acompanhar a família ao mercado, por volta dos dois anos, as crianças já são capazes de pedir por produtos – que estão posicionados de maneira a atrair a atenção deles. Nessa idade, também estão aptos a relacionar as propagandas vistas com os produtos em lojas e mercados. Vale lembrar que até os cinco anos de idade as crianças não diferenciam a realidade da imaginação e acreditam na existência dos personagens, tão utilizados para impulsionar as vendas.
As crianças, conforme vão crescendo e se desenvolvendo, aperfeiçoam suas técnicas de persuasão com os pais, passando das birras e dos choros para negociações e adulações com o objetivo de conseguir os tão desejados produtos. Assim, ao chegar à pré-adolescência, o perfil desse consumidor já está formado, inclusive a lealdade a produtos e marcas, tendo um grande impacto no perfil de compras da família.
Um grande apelo para o consumo de alimentos nessa faixa etária, além do uso de imagem dos personagens e artistas famosos por conta do vínculo e da credibilidade que apresentam junto a esse público, está relacionado à oferta de brindes.
Exemplificando
É importante salientar que grande parte das propagandas de alimentos é relacionada a produtos ricos em sal, açúcar e gorduras.
Outro ponto importante é que o maior acesso à informação por parte da população e a preocupação com o estado de saúde tem levado muitas indústrias a rever seus produtos para torná-los menos prejudiciais – principalmente nos quesitos sal e açúcar.
No entanto, não são apenas as propagandas que influenciam na formação dos hábitos, principalmente das crianças e dos adolescentes. Os meios de comunicação são, muitas vezes, os maiores formadores de conceitos desse grupo, inclusive no que se refere à alimentação, nutrição e saúde, sendo que essas informações são extremamente importantes para a formação dos hábitos alimentares, principalmente dos adolescentes.
Os adultos também são impactados pelas ações da mídia, e o seu consumo e a sua expectativa fornecem às indústrias informações sobre os principais interesses e pontos para investimento. Vale ressaltar que eles são os principais tomadores de decisão, por serem os responsáveis pelo poder de compra da família. No entanto, encontra-se uma grande variedade de necessidades e desejos entre esse grupo, dependendo do momento de vida no qual esses indivíduos se encontram. De qualquer maneira, a mídia reforça e estimula o consumo, produzindo novos produtos diariamente para atender à demanda criada.
Aspectos positivos e negativos do marketing na alimentação
Com a Revolução Industrial e o aumento da produção criou-se um excedente de produção que precisava ser comercializado. O marketing surge, então, da necessidade de vender esse excedente e é uma ferramenta que auxilia as empresas nas tomadas de decisão e no melhor exercício de suas atividades. Um dos papéis do marketing é compreender as necessidades e desejos os dos consumidores e, dessa forma, planejar, desenvolver e comercializar produtos que satisfaçam essas necessidades, além de definir preço, promoção e distribuição destes.
assimile
O marketing é utilizado pelas indústrias de alimentos para que as pessoas consumam os seus produtos, principalmente as novidades, que são diariamente lançadas no mercado, influenciando os hábitos alimentares dos indivíduos. O marketing alimentar é um estímulo da indústria para aumentar a necessidade de consumo de produtos alimentícios.
Vale dizer que o marketing enxerga os consumidores como indivíduos que consomem bens e produtos, e para entendê-los baseia-se em estudos a respeito do que é consumido, quem consome, seus motivos, quando, o local de consumo, a frequência e todas as questões que possam estar envolvidas no processo de escolha e compra.
Conhecer o seu consumidor é essencial para compreendê-lo e atingi-lo com as ações de marketing, principalmente porque a escolha de compra, muitas vezes, está mais associada ao valor simbólico de um produto do que às suas próprias características e funcionalidades.
Aplicando esse conceito aos alimentos, os seus aspectos nutricionais são apenas mais um componente na hora de compra e consumo, mas outros fatores, como significado e aspectos sensoriais, por exemplo, também são determinantes na escolha.
Antonaccio et al. (2016) agrupam as influências de compras em:
- Ideais: relacionadas às expectativas e crenças dos indivíduos.
- Fatores pessoais: incluem os fatores biopsicossociais (predisposição genética, sensibilidade sensorial, estado de saúde, saciedade), psicológicos (gostos, aversões, personalidade e emoções) e sociais (sexo, idade, contexto familiar).
- Recursos disponíveis: como capital financeiro (dinheiro), capital material (equipamentos e espaço físico), capital humano (habilidades e conhecimentos técnicos), capital social (relacionamentos) e capital cultural (valores e tradições).
- Fatores sociais: relativo às relações interpessoais.
- Contexto alimentar: considera o ambiente físico, a condição social, o acesso a alimentos.
É importante destacar que os valores que influenciam no consumo variam ao longo da vida, da mesma maneira como são diferentes entre os indivíduos, fazendo com que as escolhas sejam diferentes e que os mesmos alimentos não satisfaçam a todos, considerando seus diferentes significados pessoais. Para os consumidores os alimentos podem ter funções diferentes, como utilitária (associada a benefícios à saúde), hedônica (relacionada ao prazer no consumo), simbólica (papel cultural) e ética (que representa escolhas morais, religiosas ou políticas).
Exemplificando
Podemos definir as ações de marketing como:
- Tradicional: quando aparece nas mídias tradicionais e incentiva claramente a compra do produto apresentado. São os comerciais, folhetos, outdoors.
- Não tradicional: quando tem um formato diferente e está em mídias menos usuais. São os merchandisings, mala direta, e-mail marketing.
- Direta: apresenta o produto oferecido.
- Indireta: associa o produto a outro produto, alguma situação, esporte ou música.
Com o avanço da tecnologia, maior acesso a novas plataformas e velocidade da informação, outras ações, como split screen, pop-ups e banneres são cada vez mais utilizadas.
A propaganda em si é um meio de comunicação importante, a polêmica está no fato da televisão e da internet terem sido muito utilizadas para promover, quase que exclusivamente, alimentos não saudáveis (excesso de sal, açúcar e gorduras). No geral, esses alimentos são anunciados como práticos, por serem de consumo imediato, facilitando o dia a dia das famílias. As propagandas podem ser utilizadas, com o mesmo impacto, para promover produtos e hábitos saudáveis. Nos últimos anos, tem-se percebido um consumidor mais preocupado com a saúde e com mais acesso à informação, tornando-se mais exigente na hora da compra, principalmente em relação aos valores nutricionais dos alimentos e se estes são bons ou ruins para sua saúde. Nesse sentido, tem-se investido em incentivo à alimentação e vida saudáveis, principalmente no fortalecimento de termos relacionados à saúde (alimentos sem lactose e sem glúten são, hoje, muito procurados pelos consumidores) e também na valorização de ingredientes e nutrientes dos produtos (como os alimentos enriquecidos, ricos em fibras, ou que utilizam ingredientes orgânicos, por exemplo).
Reflita
Um ponto muito positivo visto no Brasil nos últimos anos está relacionado à leitura de rótulos. O consumidor, no momento da compra, geralmente não verificava as informações contidas na embalagem, nem mesmo a data de validade. Com essa recente mudança de comportamento, observamos diariamente alguns consumidores comparando as informações nutricionais – por restrições alimentares, emagrecimento ou bem-estar – para decidir qual produto levar para casa.
E você? Lê os rótulos dos alimentos? Quais são as informações que você acha mais interessantes? Como esse hábito pode interferir nas suas escolhas?
Saiba mais em:
ANVISA. Ministério da Saúde. Rotulagem nutricional obrigatória: manual de orientação aos consumidores. Brasília, 2005. 17 p. Disponível em: https://bit.ly/38yVF1o. Acesso em: 10 ago. 2017.
Vale ressaltar que a formulação dos rótulos é parte do trabalho de marketing das empresas e há muito investimento nesse sentido, não apenas na divulgação das informações nutricionais e demais informações obrigatórias, mas, principalmente, na caracterização que será dada àquele produto e às qualidades que serão destacadas para atrair os consumidores e incentivar que o produto faça parte do dia a dia desses, aumentando as vendas. Para que você já vá se acostumando a ler rótulos e interpretá-los, saiba que o primeiro ingrediente é o que se apresenta em maior concentração no produto e assim sucessivamente.
A tendência do marketing é investir na divulgação dos benefícios do consumo dos seus alimentos, tanto nutricionais – como alimentos enriquecidos ou isentos de algum nutriente/ingrediente – quanto relativos à sua praticidade e rapidez de consumo. A veiculação de informações de qualidade por meio desse instrumento é essencial para a educação nutricional da população.
Os profissionais dessa área estão sempre atentos às tendências, preocupações e “modas”, e, muitas vezes, são os grandes responsáveis por criar uma demanda por produtos ou nutrientes específicos, dando a esses pontos papel de destaque não só na embalagem, mas em todo o processo de divulgação e venda do produto e seu conceito.
As embalagens desenvolvidas também apresentam como objetivo aumentar o interesse pelo produto e estimular o paladar. As cores, os formatos e as chamadas são importantes no processo de atração e influenciam na decisão de compra.
Reflita
Nas últimas décadas houve um grande desenvolvimento de estratégias para atingir o público infantil, devido à sua influência na decisão de compras da família e com o objetivo de criar vínculo e fidelidade a produtos e marcas desde cedo, fortalecendo o mercado no futuro.
A regularização da publicidade pode contribuir para diminuir o estímulo a alimentos não saudáveis nessa fase da vida, que é tão importante para a formação dos hábitos alimentares.
Qual será o impacto do consumo de alimentos ultraprocessados na saúde das crianças ao longo dos anos?
A mídia e as dietas da moda
Os padrões de beleza, como dito anteriormente, mudam ao longo do tempo e dos valores da sociedade. Nos dias de hoje, é valorizado o corpo alto e magro, que muitas vezes desrespeita e desvaloriza questões genéticas e biotipos de muitos indivíduos, sendo inatingível para grande parte da população. A pressão para se enquadrar nesse padrão é ainda maior entre as mulheres e está associada ao sucesso, à independência e à aceitação.
O culto ao corpo (esguio), a veiculação massiva de propagandas e programas de dietas e alimentos restritivos, o crescimento do número de academias e revistas sobre o assunto reforçam a relação entre beleza física padrão, autocontrole e poder. A imagem sempre em forma de artistas e modelos famosas, seja em propagandas ou apenas em suas atuações profissionais, reforça a imposição desse padrão e aumenta o desejo das pessoas de alcançar o corpo perfeito.
Para as mulheres, essa preocupação tem se tornado uma neurose a ponto de grande parte das jovens, mesmo sem estar acima do peso, se preocupar em fazer dietas, que são apresentadas com uma solução para as dificuldades pessoais e profissionais. Para tentar obter uma silhueta esguia, tão valorizada pela sociedade e veiculada pela mídia, muitas pessoas procuram uma alimentação leve e dietas rigorosas e restritivas.
No entanto, o insucesso do emagrecimento é responsável por uma imensa insatisfação, frustração e sentimento de incapacidade, pois as dietas são apresentadas como soluções infalíveis e seu fracasso é vinculado à falta de autocontrole dos indivíduos, reforçando ainda mais a associação de magreza com o sucesso.
Apesar de responsabilizarem apenas o indivíduo pelo fracasso no processo de emagrecimento, deve-se salientar que outros itens são relevantes, como falta de orientação adequada, dietas não personalizadas e que não respeitam as características e necessidades de quem irá utilizá-las, dietas muito restritivas e o estabelecimento de metas muito rígidas.
Percebe-se pelo número de dietas, revistas, livros e programas de televisão o quanto esse é um assunto banalizado e, principalmente, o quanto essas ferramentas têm impacto sobre a sociedade, muitas vezes se sobrepondo às opiniões e orientações de profissionais da área.
Para atingir a meta do corpo desejado são utilizadas dietas restritivas, exercícios físicos extenuantes, cirurgias plásticas e jejuns de maneira cotidiana, ignorando os riscos à saúde. Em geral, elas prometem perda de peso rapidamente e sem sacrifício, no entanto, por serem tão diferentes dos hábitos usuais das pessoas, essas dietas apresentam adesão temporária, de curto prazo, pois a preocupação está na redução das calorias ou exclusão de alguns alimentos, sem considerar os hábitos e contexto daquela população e as necessidades nutricionais.
Vale ressaltar que todas as dietas para perda de peso buscam uma restrição alimentar, o que pode influenciar no estado nutricional de quem adere a elas. Nesse sentido, é muito importante o acompanhamento de um nutricionista para qualquer mudança ou restrição alimentar, pois esse profissional poderá orientar esse processo levando em consideração as necessidades nutricionais, os hábitos alimentares e a rotina, além de estabelecer metas adequadas.
Dietas em uso: mais comumente praticadas
É importante que os profissionais estejam sempre atualizados a respeito das dietas que estão sendo utilizadas e tenham embasamento científico, por meio de estudos sérios que comprovem a eficácia para orientar seus pontos positivos, desaconselhar os negativos e realizar os ajustes necessários a fim de obter bons resultados.
Algumas dietas em uso:
- Dieta alcalina
- Está relacionada ao pH dos alimentos e estimula o maior consumo de frutas, legumes e verduras – alimentos que alteram o pH urinário pelo teor de potássio e magnésio. Poucos estudos foram realizados para avaliar essa dieta, mas sugere-se que ela auxilia, de forma positiva, a saúde óssea e a redução da perda muscular.
- Dieta sem glúten e sem lactose
- Apesar de serem, inicialmente, destinadas a pessoas com doença celíaca e intolerância à lactose (respectivamente), elas têm sido bastante utilizadas por indivíduos em busca de emagrecimento e bem-estar, devido à discussão a respeito de inflamação intestinal derivada do consumo do glúten e da lactose. Ainda não existem estudos conclusivos para que seja feita essa recomendação, não sendo indicada para perda de peso.
A perda de peso decorrente dessa dieta pode estar relacionada à diminuição do consumo energético, principalmente dos alimentos ricos em farinha branca como pães, biscoitos e bolos.
Assimile
Na doença celíaca, ocorre uma inflamação grave do intestino que leva à desnutrição por má absorção de nutrientes. Ela acontece porque algumas partículas não digeridas das proteínas do glúten atravessam a parede intestinal e causam uma reação do sistema imunológico, que agride as células do intestino.
Na intolerância à lactose (açúcar do leite), há a necessidade da lactase, enzima que quebra este açúcar, para que ocorra a absorção. Na ausência ou insuficiência de lactase não há quebra e nem absorção, causando gases, diarreia e refluxo. É importante não confudir intolerância à lactose com alergia à proteína do leite de vaca!
Caro aluno, não confunda com alergia, que é uma reação aumentada do sistema de defesa do organismo às proteínas dos alimentos, no caso, o leite. Alérgicos ao leite de vaca precisam excluir este alimento e seus derivados da dieta. A substituição por produtos sem lactose não é o suficiente.
- Detox
- Composta por sucos, vitaminas e preparações com o objetivo de eliminar as toxinas do organismo e reduzir a produção de radicais livres. A perda de peso está associada ao consumo de alimentos de baixo valor energético. É uma dieta extremamente restritiva e não deve ser mantida por longos períodos, pois não há comprovações científicas a respeito dos seus benefícios e déficits nutricionais. Seu benefício está relacionado ao grande consumo de frutas, legumes e verduras, alimentos ricos em fibras, minerais e vitaminas. Apesar desses alimentos serem muito importantes para o bom funcionamento do organismo, é necessário o consumo de outros alimentos, como carnes, leites e ovos – fontes de proteínas – para uma alimentação balanceada.
Assimile
Os radicais livres são substâncias produzidas pelas células na queima de oxigênio durante o processo de produção de energia e estão associados ao envelhecimento e danos às células do corpo.
- Dieta Dukan
- É uma dieta rica em proteínas, com controle de gorduras e baixo teor de carboidratos. Bastante restrita, é composta por fases nas quais a variedade de alimentos permitidos aumenta, facilitando sua manutenção. Vale reforçar que o excesso de proteínas pode causar sobrecarga renal e que a ausência de carboidratos está relacionada à cetoacidose (acidez excessiva do sangue), que tem como sintomas mal-estar, vômitos, dores de cabeça e desmaios. Também é comum a constipação intestinal devido ao baixo consumo de fibras.
- Um outro ponto a ser observado é o alto consumo de gorduras consumido. Apesar de não ser regra, muitas pessoas aproveitam a restrição do consumo de carboidratos para substituí-los por alimentos proteicos com alto teor de gordura, como carnes com maior teor de gordura (como a picanha), consumo excessivo de ovos e produtos embutidos – salame, presunto, bacon e linguiça. Esse consumo elevado de gorduras saturadas e colesterol pode contribuir para aumentar os níveis séricos de colesterol e constitui fator de risco para problemas cardíacos.
- Whole 30
- A proposta é mudar a alimentação por 30 dias com o objetivo de reduzir a inflamação sistêmica, mudar a relação com os alimentos e, ao término desse prazo, evitar a volta ao consumo dos alimentos excluídos, que são: açúcares e adoçantes, bebidas alcoólicas, grãos, cereais, leguminosas, leite e derivados e algumas farinhas (as farinhas de coco, amêndoa e tapioca podem ser utilizadas).
- Reforça a questão do autocontrole para o sucesso da dieta, que é bastante restritiva, e foge do padrão usual do consumo dos brasileiros. Não existe comprovação científica dessa alimentação, não devendo ser indicada.
- Dieta paleolítica
- Retoma o que é considerada a alimentação dos homens da caverna, ou seja, nenhum alimento industrializado é permitido, bem como laticínios, legumes e todos os tipos de grãos, sendo uma dieta rica em carnes, verduras, frutas e castanhas.
- O intuito é um estilo de vida saudável, respeitando a velocidade da evolução do nosso organismo, que não seria a mesma da indústria de alimentos. É uma dieta extremamente restritiva e não existem estudos científicos reforçando a sua eficácia.
- Jejum intermitente
- O conceito é intercalar longos períodos de jejuns a períodos com alimentação. O objetivo é que nesses períodos de jejum o organismo utilize as reservas de gordura como combustível (fonte de energia), causando o emagrecimento. Durante os períodos de jejum apenas líquidos sem valor energético, como água, chás e café, podem ser consumidos, desde que não adoçados com açúcar, mel ou produtos que contenham calorias. Muitas pessoas têm dificuldade de se adaptar a esses períodos longos de jejum e, com isso, episódios de compulsão nos momentos de alimentação para compensar o período sem consumo alimentar tornam-se comuns. Períodos longos de jejum podem causar desidratação, hipoglicemia, fraqueza e desnutrição. Não há evidências científicas que comprovem sua indicação.
- Dieta do tipo sanguíneo
- Os indivíduos são classificados de acordo com o seu tipo sanguíneo e, com base nessa informação, alguns alimentos são considerados benéficos – alimentos que evitam e curam doenças; enquanto outros são nocivos – que as acentuam; e existem ainda os neutros.
- Essa dieta é baseada na influência que o sangue tem no funcionamento do organismo, influenciando no metabolismo, sistema imunológico e estado emocional. É uma dieta que incentiva mudanças de hábito permanentes. Não há comprovação científica de seu impacto na saúde e nem na perda de peso.
- Dieta dos pontos
- Nessa dieta, a necessidade energética diária do indivíduo é transformada em um número máximo de pontos que ele pode consumir ao longo do dia. Dessa forma, ao invés de contabilizar as calorias dos alimentos são contabilizados os pontos associados (por meio de uma tabela). A escolha dos alimentos é livre, no entanto, escolhas inadequadas são frequentes – atinge-se a quantidade de pontos com alimentos não nutritivos, não trazendo mudança de hábitos.
Os estudos mostram que existe um consumo inadequado de macronutrientes por pessoas que utilizam essa dieta, priorizando alimentos ricos em proteínas e gorduras, reforçando a importância da orientação individualizada e da educação nutricional para que esta possa ser incorporada com segurança na rotina.
Pesquise mais
A indústria investe muito na formação do seu público infantil. No entanto, essa é uma discussão muito importante, considerando a imaturidade de discernimento desse grupo.
Leia um pouco mais sobre a regulamentação da propaganda infantil no Brasil:
MENDES, Beatriz. Publicidade Infantil: proibir ou não proibir? Carta Capital, São Paulo, v. 4, 2012. Disponível em: https://bit.ly/3skvgvQ. Acesso em: 5 jun. 2017.
VELOSO, Beth. Publicidade infantil e os efeitos danosos às crianças: até quando? Portal Vermelho, out. 2016. Disponível em: https://bit.ly/2XzbSgI. Acesso em: 5 jun. 2017.
LEAL, Lalo. Regulamentação da publicidade infantil continua à espera da lei. Rede Brasil Atual – RBA. Jan. 2017. Disponível em: https://bit.ly/3oGvMT0. Acesso em: 5 jun. 2017.
INSTITUTO BRASILEIRO DE DEFESA DO CONSUMIDOR – IDEC. STJ proíbe publicidade dirigida a crianças. mar. 2016. Disponível em: https://bit.ly/39n7sPn. Acesso em: 5 jun. 2017.
Atenção!
Não confunda essa discussão com a Norma Brasileira de Comercialização de Alimentos para Lactentes e Crianças de Primeira Infância, Bicos, Chupetas e Mamadeiras (NBCAL).
A NBCAL regula a promoção comercial e a rotulagem de alimentos e produtos destinados a recém-nascidos e crianças de até três anos de idade, como leites, papinhas, chupetas e mamadeiras, visando estimular o aleitamento materno.
Entenda quais produtos são regulamentados por essa norma:
DEPARTAMENTO DE ATENÇÃO BÁSICA – DAB. Norma Brasileira de Comercialização de Alimentos para Lactentes e Crianças de Primeira Infância, Bicos, Chupetas e Mamadeiras (NBCAL). Ministério da Saúde. Disponível em: https://bit.ly/3bzYgdc. Acesso em: 5 jun. 2017.
Faça valer a pena
Questão 1
O surgimento do marketing está associado à necessidade de vender o excedente da produção.
Leia as afirmações a seguir e assinale a alternativa correta:
Correto!
o marketing enxerga os consumidores como indivíduos que consomem bens e produtos, e para entendê-los baseia-se em estudos a respeito do que é consumido, quem consome, seus motivos, quando, o local de consumo, a frequência e todas as questões que possam estar envolvidas no processo de escolha e compra.
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Questão 2
Vivemos em uma sociedade na qual os meios de comunicação são muito presentes no nosso dia a dia.
( ) A mídia é uma importante forma de divulgação de conceitos e ideologias, determinando o comportamento dos indivíduos.
( ) A mídia não tem impacto no comportamento alimentar, pois a alimentação é uma necessidade biológica.
( ) A televisão tem um grande impacto na formação de opinião, pois utiliza imagem, som e movimento.
( ) Crianças menores de 6 anos não são influenciadas por propagandas, pois ainda não diferenciam realidade e fantasia.
( ) Na pré-adolescência, o perfil desse consumidor costuma estar formado, inclusive a lealdade a produtos e marcas.
Leia as afirmações e assinale-as como verdadeiras (V) ou falsas (F). Em seguida, escolha a alternativa correta:
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Correto!
o impacto da mídia no comportamento alimentar da população é muito grande, pois a alimentação representa não apenas uma necessidade biológica, mas também o desejo dos indivíduos. Com poucos meses de vida os bebês já se interessam pelas propagandas de televisão, desenvolvidas justamente para atrair esse público. As demais afirmativas estão corretas.
Tente novamente...
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Questão 3
Para atingir o padrão estético esguio desejado, muitos indivíduos seguem dietas radicais.
Leia as afirmações a seguir e assinale a alternativa correta:
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c) A dieta dos pontos é baseada no consumo apenas de alimentos in natura ou minimamente processados.
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Correto!
qualquer mudança ou restrição alimentar precisa de acompanhamento para não colocar em risco a saúde e o bem-estar.