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sem medo de errar
Em nossa situação-problema, gestores e profissionais da saúde, que avaliaram os resultados de intervenções educativas com idosos institucionalizados sobre as medidas de prevenção contra a Covid-19, consideraram que a média 6,0 seria suficiente para essa população e foi exatamente esse número que os dois grupos de idosos obtiveram. Os profissionais e gestores, ao olharem as médias dos resultados, consideraram satisfatório o conhecimento sobre o tema na população de idosos e, a partir desses resultados, decidiram que não seria mais necessária, ao menos no momento, qualquer outra ação educativa.
No entanto, você, profissional que acaba de integrar o grupo, tem acesso às notas individuais dos idosos e, considerando a dispersão dos valores em relação à média, percebe que há diferenças importantes entre os dois grupos.
Notas dos idosos da instituição A | Notas dos idosos da instituição B |
---|---|
7 | 10 |
5 | 2 |
6 | 2,5 |
5,5 | 3 |
6,5 | 9,5 |
8 | 1,5 |
4 | 9 |
6 | 6,5 |
7 | 10 |
5 | 6 |
= 6 | = 6 |
Notas A (Rol): 4 – 5 – 5 – 5,5 – 6 – 6 – 6,5 – 7 – 7 – 8
Notas B (Rol): 1,5 – 2 – 2,5 – 3 – 6 – 6,5 – 9 – 9,5 – 10 – 10
Ao olharmos as notas individuais, podemos perceber que houve uma variação muito maior dos elementos do conjunto de idosos do grupo B em relação à média 6 do que a que houve no grupo A.
Note que alguns indivíduos do grupo B ficaram até 4,5 pontos abaixo da média mínima desejável, fator indicativo de que, naquela população, alguns participantes tinham praticamente nenhum conhecimento no tema, enquanto outros dominavam completamente as questões do teste, vide os indivíduos com notas de 7 a 10.
Por outro lado, o grupo de idosos A apresentou maior homogeneidade em torno da média, de modo que os integrantes dele possuem conhecimento em grau similar entre si.
Logo, seria importante chamar a atenção dos outros profissionais para o fato de que existem pessoas vulneráveis, principalmente no grupo B, e de que as medidas educativas devem continuar naquele grupo, ainda que seja apenas com aqueles que ficaram muito abaixo da média.
A média aritmética deve sempre ser analisada com cautela, pois a dispersão dos dados pode variar e gerar interpretações equivocadas dos resultados.
Essa resolução poderia ser uma maneira de contemplar os questionamentos apresentados, mas você sempre pode e deve apontar novos caminhos. Vá em frente!
Avançando na prática
Comprovando o ponto de vista
Profissionais da saúde de uma cidade interiorana estão reunidos para averiguar os resultados de testes que avaliaram o conhecimento sobre medidas de prevenção contra a Covid-19 em idosos com capacidade cognitiva preservada de duas instituições de longa permanência (Instituição A e Instituição B). No entanto, ao visualizar as notas individuais dos dois grupos, é possível verificar que há diferentes dispersões entre os elementos e a média dos conjuntos dentro dos dois grupos (A e B). Um dos profissionais apresenta esse ponto sensível da análise e enfatiza que a média aritmética não é a melhor medida representativa desses conjuntos e que, preferencialmente, outros cálculos de medida de dispersão deveriam ser feitos.
Sendo assim, o grupo pede que as outras medidas de dispersão sejam apresentadas para que esse ponto possa ser efetivamente comprovado. Imagine que você seja um dos integrantes desse grupo, como apresentaria e explicaria os dados, segundo as medidas de dispersão?
Notas dos dois grupos ordenadas:
Notas de A (Rol): 4 – 5 – 5 – 5,5 – 6 – 6 – 6,5 – 7 – 7 – 8
Notas de B (Rol): 1,5 – 2 – 2,5 – 3 – 6 – 6,5 – 9 – 9,5 – 10 – 10
Em nossa problemática, um grupo de profissionais da saúde de uma cidade interiorana pedem que você demonstre matematicamente o seu ponto com relação à inadequação da utilização da média aritmética isoladamente.
Nesse caso, é importante inicialmente atentar para os conjuntos de notas dos grupos A e B:
Notas de A (Rol): 4 – 5 – 5 – 5,5 – 6 – 6 – 6,5 – 7 – 7 – 8
Notas de B (Rol): 1,5 – 2 – 2,5 – 3 – 6 – 6,5 – 9 – 9,5 – 10 – 10
Você poderia calcular a amplitude, a variância e, em seguida, o desvio padrão (PD) em cada um dos grupos.
Amplitude do Grupo A = 8 – 4 = 4
Amplitude do Grupo B = 10 – 1,5 = 8,5
Percebe-se que a amplitude dos dados é maior no Grupo B, o que implica maior dispersão dos dados nesse grupo em comparação com o Grupo A.
Em seguida o cálculo de variância (soma das diferenças entre cada elemento do conjunto e a média elevados ao quadrado e divididos pelo total de elementos do conjunto. Caso haja dúvida, retorne ao tópico da seção que ensina passo a passo esse cálculo) revelaria:
Notas A (Rol): 4 – 5 – 5 – 5,5 – 6 – 6 – 6,5 – 7 – 7 – 8
Variância = 1,25 e DP = 1,12
Notas B (Rol): 1,5 – 2 – 2,5 – 3 – 6 – 6,5 – 9 – 9,5 – 10 – 10
Variância = 11,1 e DP = 3,33
Os resultados poderiam ser traduzidos da seguinte maneira:
As notas do Grupo A se afastaram, em média, 1,12 pontos acima ou abaixo da média 6,0, enquanto no Grupo B essa dispersão em torno da média 6,0, para cima ou para baixo, foi de 3,33 pontos, o que demonstra uma variabilidade e uma heterogeneidade maior nos resultados obtidos. Portanto, há indivíduos do Grupo B que ficaram muito abaixo da média desejada e que demandam maior atenção quanto às medidas educacionais e mesmo as de acompanhamento.
Essa forma de expor os resultados é uma das possibilidades existentes. Haveria uma forma diferente de avaliá-los e expô-los?