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sem medo de errar
De acordo com o caso apresentado nesta Seção 2.2, em que nos foi relatada a história de Raimundo, que teve uma isquemia miocárdica e, com medo de sentir novamente a dor no peito, decidiu ter uma vida em repouso, estudamos o controle do sistema cardiovascular e como acontece o potencial de ação cardíaco, bem como falamos, na Seção 2.1, das estruturas do coração e dos vasos sanguíneos, que são componentes do sistema cardiovascular. Sendo assim, agora, vamos utilizar todo esse conhecimento para discutir a situação-problema apresentada analisando, principalmente, os seguintes pontos:
- Isquemia miocárdica.
- Controle intrínseco do coração.
- Controle extrínseco do coração.
A isquemia miocárdica é quando ocorre uma obstrução parcial do fluxo sanguíneo nas artérias coronárias, sendo assim, a quantidade de sangue que chega no músculo cardíaco (miocárdio) é reduzida, sendo insuficiente para manter sua função de bombeamento normal.
Quando o ventrículo esquerdo contrai, o sangue é ejetado para a artéria aorta, e 4% desse sangue é destinado para irrigar o coração através das artérias coronárias, logo, quando acontece uma obstrução do vaso sanguíneo, o tecido entra em hipóxia, devido à baixa concentração de oxigênio no sangue, enfraquecendo as células miocárdicas, mas sem matá-las. Por esse motivo, quando ocorre a desobstrução, o tecido volta a receber o aporte sanguíneo adequado, restaurando a nutrição das células miocárdicas, porém, clinicamente, a pessoa que sofre uma isquemia miocárdica relata uma grande dor no peito, denominada angina de peito, e é descrita como uma sensação de aperto ou compressão do tórax, bem como apresenta dores associadas na região do pescoço, queixo ou irradiando para o braço esquerdo até o cotovelo.
O coração possui um controle próprio denominado complexo estimulante do coração, assim, mesmo que o coração seja retirado do corpo, ele tem a capacidade de continuar a bater, mas para que esse complexo realize os seus potenciais de ação, o coração precisa ser irrigado. Falta de suprimento sanguíneo no coração causa falha nesse mecanismo, provocando batimentos irregulares, processo conhecido como fibrilação. Além desse controle intrínseco, o coração também pode ser controlado pelo sistema nervoso autônomo, em que fibras simpáticas e parassimpáticas controlam a frequência cardíaca, podendo aumentar ou diminuir os batimentos do coração, a fim de obterem a homeostase do suprimento sanguíneo.
Nesse caso, apesar de Raimundo ter passado um grande susto, ele não precisa ter medo de voltar a ter uma vida mais ativa, pois a prática de atividade física tem a capacidade de melhorar a qualidade dos batimentos cardíacos.
Avançando na prática
Estresse emocional e sistema cardiovascular
Uma mulher de 30 anos de idade, saudável, sem histórico cardíaco, não fuma e não bebe. O fato é que essa mulher trabalha meio período com atendimento estético domiciliar, mas quando chega em casa, ainda tem os afazeres domésticos e uma filha de 2 anos de idade que consome boa parte da sua rotina diária. Essa mulher, ao final do dia, sente-se cansada, desanimada, com dor de cabeça, sente o coração acelerado, tontura, falta de ar e muita angústia. Esses são os sintomas que o estresse emocional pode causar em uma pessoa, mas por que o coração está disparado? Como o estresse pode afetar o sistema cardiovascular?
A mulher da situação-problema está sob estresse emocional, o que desencadeia diversas alterações em vários sistemas do nosso corpo. Isso acontece pois, para manter o nosso corpo em funcionamento, é necessário manter um equilíbrio dinâmico, mas recebemos estímulos o tempo todo, fazendo com que o corpo alterne estados de estresse com homeostase. Para que nosso organismo consiga lidar com o estresse, ele se adapta às situações por meio de alterações neuronais, imunológicas e celulares, envolvendo vários órgãos e tecidos. Com isso, nosso organismo utiliza o sistema nervoso autônomo para controlar as respostas ao estresse constante que recebemos, e esse sistema exerce influência em muitas funções vitais, como na respiração, no tônus cardiovascular e no metabolismo intermediário.
O sistema cardiovascular participa de forma ativa das adaptações ao estresse, havendo um aumento da frequência cardíaca, da contratilidade do miocárdio, do débito cardíaco e da pressão arterial.
Assim, uma pessoa sob estresse emocional crônico tem uma grande chance de desencadear doenças cardíacas, devido a um aumento das alterações. Para isso, como tratamento de doenças psíquicas, existem medicamentos que podem diminuir a ansiedade e o estresse, além de tratamentos alternativos como a prática de atividade física, que auxilia na liberação de endorfina e serotonina, que são consideradas os hormônios do prazer e da alegria, causando relaxamento, diminuindo o estresse, a ansiedade e a dor.