
Fonte: Shutterstock.
Deseja ouvir este material?
Áudio disponível no material digital.
sem medo de errar
No decorrer desta Seção, aprendemos sobre a anatomia e fisiologia do sistema digestivo. A partir deste conhecimento adquirido, analisaremos a história apresentada na situação-problema desta Seção 1.3.
Em uma festa infantil, os convidados ingeriram comida estragada causando intoxicação alimentar. Vamos listar os principais sintomas que puderam ser observados:
- Náuseas;
- Vômitos;
- Dor abdominal ou cólicas;
- Febre;
- Diarreia.
A intoxicação alimentar ocorre quando consumimos alimentos ou líquidos contaminados com bactérias, vírus, fungos, parasitas ou toxinas que afetam o sistema digestivo. Normalmente, no nosso intestino, já existem bactérias que compõem nossa microbiota intestinal, também conhecida como flora intestinal. Essas bactérias desempenham um importante papel na digestão do quimo, facilitando a absorção dos nutrientes, além de proteger contra as bactérias invasoras que podem causar desequilíbrio na flora intestinal. Nesse caso, a nossa microbiota é fundamental para fortalecer o sistema imune e reduzir a frequência de doenças no trato gastrintestinal.
Os agentes mais comuns encontrados nos alimentos contaminados são Campylobacter, Salmonella e Escherichia coli.
Quando ocorre um desequilíbrio da flora intestinal por contaminação do alimento ou líquido, o corpo tenta expulsar o agente contaminador, por isso inicia reflexos de vômitos e aumento da temperatura corporal (febre) devido à migração de células de defesa do nosso corpo para atacar o agente infeccioso. Outro sintoma que pode ocorrer é a diarreia, uma alteração das fezes, que tendem a ficar mais amolecida ou líquidas, pois as bactérias boas que vivem no nosso intestino entram em desequilíbrio, comprometendo a absorção dos nutrientes. Assim, perdemos muita água durante as evacuações.
A maioria dos casos de intoxicação alimentar não possui tratamento específico, mas é fundamental garantir uma hidratação para a recuperação. Os sintomas permanecem até a eliminação do agente causador da intoxicação, o que pode levar de 3 a 4 dias. Se os sintomas persistirem, é necessário buscar ajuda médica para restabelecer a flora intestinal.
Avançando na prática
Exercício físico e congestão alimentar
Raquel, 55 anos, trabalha em uma empresa de tecidos. A empresa resolveu investir no bem-estar dos seus funcionários, abrindo um espaço para a realização de exercícios supervisionados por profissionais de Educação Física. Raquel, que trabalha na empresa há 30 anos, estava muito feliz com a iniciativa e decidiu que na hora do seu intervalo iria ser o melhor momento para se exercitar. Raquel pensou que não teria nenhum problema se fizesse os exercícios logo após o almoço. Será que podemos praticar exercício físico logo após comer? Você já ouviu falar que comer e fazer exercício pode matar? O que acontece no sistema digestivo quando comemos?
Durante o exercício físico, realizamos a contração de uma grande quantidade de músculos, para onde é bombeado sangue rico em oxigênio. Assim, à medida que nos exercitamos e intercalamos os movimentos, ocorre um aumento dos batimentos cardíacos e da frequência respiratória para suprir a demanda de oxigênio para as células musculares.
Quando ingerimos o alimento, ele é moído e amassado, sendo transformado em um bolo alimentar que segue para o estômago, onde começa a digestão – a quebra dos grandes nutrientes (carboidratos, gorduras e proteínas) em nutrientes menores que possam ser absorvidos através da parede do trato gastrintestinal para os vasos sanguíneos e linfáticos que circundam o trato. Durante esse processo, ocorre um aumento de aporte sanguíneo direcionado ao estômago e intestinos para recolher, por meio da absorção, os produtos metabolizados. Para cada tipo de nutriente que ingerimos, existe um tempo de digestão. Vamos listar alguns alimentos e seus respectivos tempos aproximados de digestão:
- Frutas e ovo (40 minutos);
- Peixe, salada de folhas e legumes (1 hora);
- Refrigerante, batata, leite e derivados (2 horas);
- Pizza, café médio com pão (de 2 a 3 horas);
- Arroz, feijão e carne (3 horas);
- Feijoada (de 6 a 8 horas);
- Bacon (12 horas).
Por esse motivo, após nos alimentarmos não é indicada a prática de exercício. A orientação dos profissionais da saúde é que aguardemos pelo menos 2 horas.
Mas, o que aconteceu com Raquel? Ela, que tinha acabado de fazer uma refeição e foi praticar exercícios intensos, começou a sentir tontura, fraqueza, náuseas e até vômito depois de 10 a 15 minutos após iniciar o treino. Em casos de uma refeição exagerada, a pessoa pode desmaiar devido à congestão alimentar. Esse quadro é uma alteração ou mesmo uma pausa do processo de digestão devido à prática de exercício físico. De fato, quando realizamos exercício físico logo após uma refeição, o aporte sanguíneo que deveria estar voltado somente para o estômago, agora precisa suprir as contrações musculares de todo o corpo, deixando o processo digestivo muito mais lento, causando os sintomas citados acima.