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FOCO NO MERCADO DE TRABALHO

ESTRUTURAÇÃO E FUNCIONALIDADES DO SISTEMA RESPIRATÓRIO

Débora Nunes Martins Bueno

Fonte: Shutterstock.

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sem medo de errar

Vamos entender como as altitudes elevadas podem gerar respostas adaptativas em nosso corpo. Nesta Seção 1.2, nós vimos uma história hipotética de dois aventureiros, Leandro e Luciano, que se prepararam fisicamente em um ambiente ao nível do mar para escalar o Monte Everest, que fica a aproximadamente 8.849 m do nível do mar, uma grande altitude que pode trazer dificuldades para eles concluírem o objetivo de tentar chegar o mais próximo possível do cume. 
Nas duas primeiras Seções desta Unidade, nós conversamos sobre a mecânica respiratória e o controle da respiração. Também falamos sobre a importante relação entre ventilação e perfusão pulmonar para que ocorram as trocas gasosas, mantendo assim os volumes pulmonares adequados para um bom funcionamento do sistema respiratório. Neste caso, listaremos alguns dos sintomas que as altitudes elevadas podem causar: 

Conforme a altitude aumenta, a pressão atmosférica diminui, o que resulta em hipóxia, que nada mais é que a redução de O2 no sangue e em tecidos do nosso corpo, causando alterações fisiológicas severas. Portanto, a queda da disponibilidade de O2 no corpo humano, afeta a manutenção das funções cerebrais e físicas, pois, para o funcionamento ideal destas funções, é necessário cerca de 21% de O2 circulante. Por esse motivo, o índice de morte em praticantes de alpinismo que tentam chegar ao cume do Monte Everest é alta. Ao chegar a 7.000 metros acima do mar, os sintomas da falta de oxigênio se acentuam drasticamente, deixando muitos dos praticantes desorientados e, em alguns casos, inconscientes. Além disso, a temperatura extremamente baixa dificulta ainda mais a recuperação deles, levando à morte em poucas horas. 
Logo, Leandro e Luciano precisariam passar pelo menos 15 dias de aclimatação, período em que o corpo iniciaria um processo de tolerância à baixa concentração de O2 no ar, melhorando o desempenho pulmonar e físico – mesmo assim, a adaptação não seria completa. Pessoas que vivem em lugares de altitude elevada apresentam redução da resposta à hipoxia desenvolvida por anos de exposição ao meio. Por esse motivo, ao deixarem o Monte Everest e retornarem ao nível do mar, as adaptações produzidas sumiriam em aproximadamente 20 dias. Assim, todas as vezes que Leandro e Luciano retornarem a grandes altitudes, haverá necessidade de aclimatação novamente.
No processo de aclimatação do corpo, ocorre um aumento gradativo da ventilação, reduzindo a pressão do CO2 e aumentando a pressão O2 arterial. Observa-se também mudanças como o aumento da concentração de hemoglobina, ocasionando em um maior aproveitamento no transporte do O2 por todo o corpo.
Então, talvez nesta primeira experiência de Leandro e Luciano como alpinistas não tenha sido como eles esperavam, mas aprenderam que o corpo nem sempre responde da maneira como gostaríamos, porque nosso organismo responde a influências como o ambiente e a temperatura.

Avançando na prática

Efeitos do mergulho para o sistema respiratório

O surfista Augusto se mostra um amante do mar. Passou a adolescência treinando para campeonatos. Porém, os treinamentos de Augusto não eram somente se equilibrar sob a prancha; envolviam também muita prática de controle da apneia para se manter debaixo d’água, pois as quedas são constantes e muitas vezes o movimento das ondas podem manter o surfista por um tempo submerso. Foi assim que Augusto, aos 25 anos de idade, começou a praticar o mergulho livre, que consiste na imersão em água sem o uso de equipamentos para a reposição de ar, utilizando apenas o ar retido nos pulmões. No entanto, quanto mais ele explorava o mar, mais se encantava com a beleza encontrada e sentia um desejo de aprofundar cada vez mais naquelas águas. Você consegue imaginar quais os perigos que Augusto pode encontrar ao explorar as profundezas do oceano? Como o corpo de Augusto se comportaria ao passar tanto tempo debaixo d’água? E, ainda, mesmo com o uso do cilindro de ar comprimido (SCUBA) qual o perigo de um mergulho muito profundo?

Antes de mergulharmos, sempre realizamos uma inspiração profunda e seguramos o ar, na tentativa de estocarmos uma quantidade de O2 antes da imersão, mas isso não muda o fato de o nosso corpo não suportar mais de 4 minutos sem que ocorra a respiração – há relatos de danos cerebrais após um período prologado de apneia ou até mesmo a morte. Isso acontece porque a taxa de O2 diminui e a de CO2 aumenta, ativando os quimiorreceptores que estimulam a área inspiratória e quando não ocorre a respiração o corpo entra em colapso. Por isso, Augusto sendo praticante de surfe a muitos anos, já entende quais as limitações do seu corpo em mergulho livre. 
Mas já que Augusto deseja explorar cada vez mais as profundezas do oceano, ele precisa entender que durante a prática do mergulho autônomo (com o uso do equipamento SCUBA), ocorre um aumento da pressão na descida, na qual a pressão atmosférica se eleva a 1 atm a cada 10 m de profundidade. Por isso, durante a descida à medida que vamos nos afastando da superfície a diferença de pressão pode ocasionar compressão dos gases nos pulmões, ouvidos e seios da face e durante o retorno à superfície pode ocorrer uma hiperinsuflação dos gases. Por esse motivo, esses dois processos precisam de atenção e técnica para serem executados cuidadosamente e minimizar os danos ao corpo.
Para prevenir qualquer male, quando Augusto começa a subir para a superfície, ele vai sentir que a pressão diminui, isso porque o oxigênio que estava comprimido e diluído no sangue aumenta e é liberado nos pulmões, outro gás que participa da respiração é o nitrogênio, e sua descompressão pode causar sintomas de embriaguez e desmaio. Logo, durante a subida é importante que Augusto mantenha um ritmo lento e realize paradas para que os gases sejam descomprimidos de modo gradativo, evitando embolia gasosa. Ele também precisa expirar todo o ar para ajudar a prevenir a hiperinsuflação e possível lesão tecidual.

Bons estudos!

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