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PRÉ-OPERATÓRIO – AVALIAÇÃO
É essencial a realização de uma avaliação detalhada, a fim de identificar risco aumentado para o desenvolvimento de complicações pós-operatórias. Para isso, uma anamnese criteriosa deve ser realizada, buscando entender
a queixa principal do paciente e a história da moléstia atual. Além disso, alguns fatores de risco devem ser considerados na avaliação do paciente: idade avançada (maior que 60 anos), obesidade, desnutrição, tabagismo,
função pulmonar alterada, natureza da doença pulmonar e cardíaca preexistente, não capacidade de manter as vias aéreas pérvias, presença de comorbidades, tipo de anestesia (local x geral), necessidade de intubação
orotraqueal, internação pré-operatória prolongada, além de capacidade de exercício ou funcional diminuídas. Pode ser necessária a realização de testes específicos da função respiratória (Pico de fluxo expiratório,
pressão inspiratória máxima (PImax) e pressão expiratória máxima (PEmax), ventilometria e espirometria etc.). A avaliação da sintomatologia e dos níveis de ansiedade e depressão são importantes para se ter uma visão
mais completa do paciente que passará pelo procedimento cirúrgico.
PRÉ-OPERATÓRIO – ATUAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA
Os pacientes que passam por atendimento fisioterapêutico pré-operatório têm menores prejuízos funcionais no pós-cirúrgico e tendem a ter menores níveis de ansiedade. A proposta de atuação do fisioterapeuta deve ser
individualizada, com base no resultado da avaliação realizada previamente. Pode ser realizada com os seguintes procedimentos:
- Orientações quanto aos procedimentos cirúrgicos: incisão, tempo de internação em UTI, ventilação mecânica, extubação, presença de drenos, dor, mobilização precoce etc.
- Treinamento muscular respiratório: reduz a incidência de complicações pulmonares pós-operatórias e o tempo de internação.
- Técnicas de higiene brônquica: caso o paciente apresente sinais de secreção pulmonar, como tosse produtiva e ausculta pulmonar alterada.
- Técnicas de reexpansão pulmonar: evitam o colapso das estruturas alveolares e prejuízos da relação ventilação/perfusão.
- Manutenção da capacidade funcional: podem ser realizadas mobilização articular passiva, ativo-assistida, ativa e/ou resistida, alongamento muscular, exercícios metabólicos etc.
PÓS-OPERATÓRIO – CUIDADOS
Assim que paciente tiver estável hemodinamicamente, mudanças de decúbitos e transferências são indicadas e estimuladas, a fim de evitar consequências decorrentes do imobilismo. Para tal, deve ser incentivado que o paciente
realize os movimentos ativamente, com o auxílio do profissional de saúde para evitar a realização de esforço excessivo associado à manobra de valsalva, que pode gerar resposta vagal reflexa. As mudanças de decúbito
devem ser realizadas em fases, para evitar hipotensão postural e permitir que o paciente fique seguro nas posições verticais. É muito comum, após cirurgia cardiotorácica, que o paciente permaneça nos primeiros dias
do pós-operatório com drenos (de mediastino e de tórax). A drenagem torácica é uma técnica que tem por objetivo remover o conteúdo líquido, gasoso, purulento ou sanguinolento do interior da cavidade pleural ou do
mediastino, evitando seu acúmulo e reduzindo o desconforto do paciente. Devem ser aplicadas técnicas que minimizem a dor e aumentem o conforto do paciente para tossir.
PÓS-OPERATÓRIO – AVALIAÇÃO
Quando o paciente chega de uma cirurgia cardiotorácica, seja na UTI ou na enfermaria, toda a equipe de profissionais da saúde deve estar atenta e fazer uma monitorização rigorosa a fim de detectar precocemente qualquer
alteração ou instabilidade que o paciente venha a apresentar, uma vez que esse momento é crucial para uma boa evolução e recuperação após a cirurgia. Aliados aos fatores que foram avaliados e pontuados como risco
no momento pré-cirúrgico, outros aspectos devem ser considerados na avaliação pós-cirúrgica, no período peri-operatório, como tipo e duração da anestesia, se houve associação com bloqueadores musculares, utilização
de circulação extracorpórea (CEC), parada cardíaca, tempo de cirurgia, necessidade de tempo de ventilação mecânica. Os fatores pós-operatórios também devem ser considerados fatores de risco para complicações pulmonares
e funcionais: imobilização, posição supina, depressão do nível de consciência, dor intensa e incapacitante, presença de sonda nasogástrica, intubação e ventilação mecânica prolongadas e falta de cooperação do paciente.
PÓS-OPERATÓRIO – ATUAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA
É na atuação fisioterapêutica que os principais sintomas como medo, dor e ansiedade podem parecer, tendo em vista o momento de sensibilidade física e psíquica do paciente. Os objetivos da atuação cardiorrespiratória
no pós-operatório de cirurgias cardiotorácicas são: manter as vias aéreas pérvias e a ventilação pulmonar, favorecendo a eliminação de secreções; reexpandir áreas atelectasiadas, reduzir o shunt e melhorar a complacência
pulmonar; melhorar a resistência e a força dos músculos respiratórios, buscando atingir ou superar os valores do pré-operatório; monitorizar e otimizar a ventilação mecânica e a administração de oxigênio; evitar
complicações da ventilação mecânica e diminuir o tempo de intubação; evitar deformidades e contraturas; melhorar e/ou manter a função motora; posicionar o paciente adequadamente no leito.
Alguns recursos podem ser utilizados para realizar a fisioterapia respiratória no pós-operatório: manobras de higiene brônquica e de reexpansão pulmonar, ventilação não invasiva (VNI), respiração com pressão positiva
intermitente (RPPI), incentivadores respiratórios. As sessões de fisioterapia são recomendadas no mínimo três vezes ao dia e as sessões devem ter curta duração. O número de repetições e a velocidade de execução
dos movimentos devem respeitar a intensidade de 20 batimentos por minuto acima da frequência cardíaca de repouso.