Nesta webaula abordaremos a natureza e a função das Artes Cênicas. Estudaremos o que é a arte do espetáculo vivo, Artes Cênicas, cultura e sociedade, Artes Cênicas e Educação bem como Presença Cênica: o artista em cena.

A Arte do Espetáculo Vivo
O termo Artes Cênicas, num sentido mais amplo, compreende as linguagens artísticas que concentram a “Arte do Espetáculo Vivo”, nomenclatura que distingue os artistas cênicos: dançarino, ator, mímico, concertista, ou performer, dos artistas
plásticos: escultores, pintores, desenhistas, gravuristas, entre outros.
Strazzacappa (2008) define o artista do espetáculo vivo como aquele que traz em seu próprio corpo sua obra de arte: uma arte efêmera que, simultaneamente ao seu acontecimento, deixa de existir. É uma arte do momento presente e do corpo
em movimento. Isso acontece com a dança, o teatro, o circo, a ópera e os desdobramentos dessas linguagens.
Incluem-se, nesse universo, os concertos musicais ao vivo realizados por músicos intérpretes ou criadores; da mesma forma, o performer das Artes Visuais, cuja efemeridade de sua arte se dá em simultaneidade com a presença de um ou
mais observadores, e termina no momento em que se finda a ação performática (ROSA, 2017).
Artes Cênicas, Cultura e Sociedade
A história da humanidade está marcada por contatos e conflitos entre formas diversas de organização da vida social, da apropriação e transformação da natureza, assim como da concepção e expressão da realidade. Para Cunha
(2003), o entendimento que temos de cultura deve ser dimensionado de acordo com o contexto histórico e social que o envolve: o cultivo intelectual e estético, além do desenvolvimento de uma consciência subjetiva.
O que distingue, essencialmente, a criação artística das outras formas de conhecimento humano é a qualidade da comunicação entre os seres humanos que a obra de arte propicia por uma utilização particular das formas de linguagem.
Por meio delas, a partir de sua participação e interferência, as culturas agem e retroagem continuamente sobre os seus portadores, estabelecendo uma relação permanente entre a espécie humana (o substrato biológico), a sociedade
(o lado coletivo, antropológico) e o indivíduo (a subjetividade). Para saber mais, clique na imagem.

A arte, enquanto linguagem, é forma basilar de expressão e mecanismo indispensável neste contexto. As formas artísticas apresentam uma síntese subjetiva de significações construídas por meio de imagens poéticas (imagéticas,
sonoras, corporais – ou verbais, como no texto literário ou teatral) desenvolvidas ao longo da história humana.
A arte, enquanto linguagem, é forma basilar de expressão e mecanismo indispensável neste contexto. As formas artísticas apresentam uma síntese subjetiva de significações construídas por meio de imagens poéticas (imagéticas, sonoras, corporais
– ou verbais, como no texto literário ou teatral) desenvolvidas ao longo da história humana.
As transformações sociais e culturais manifestam um conjunto palpável de ideias, constituindo formas diferentes de compreender o mundo e a relação entre o poder e o povo. Dos períodos absolutistas, regidos pelo poder soberano ou
real e suas linhagens familiares, as transformações sociais e culturais foram sendo redefinidas gradualmente por novas forças econômicas e políticas, até serem entendidas como um conjunto histórico legitimado em nome do povo
e de suas tradições. Tradições estas que preservam, em seu bojo, as manifestações artísticas que as refletem e as questionam. Num primeiro momento, a produção simbólica esteve marcada pela realeza e pela aristocracia (classicismo,
barroco); no segundo, pelas castas da burguesia (romantismo, modernismo). Na atualidade, as Artes Cênicas, em seu caráter amplo de múltiplas linguagens, apresentam argumentos diversos e contribuem para o desenvolvimento humano,
além de proporcionar aquisição de conhecimento estético e cultural.

Artes Cênicas e Educação
As Artes Cênicas, por meio de uma ou mais de suas distintas linguagens, seja como atividade institucionalizada, seja pela forma como se estabelecem estas manifestações na sociedade atual, resultam de processos de desenvolvimento através
dos tempos, em que cada grupo social possui/possuía paradigmas intrínsecos, passados de geração a geração.
Nesse sentido, se faz necessária a proposta de realização, nas instituições de ensino, de estudos sobre as significações históricas das Artes Cênicas e das suas diferentes funções sociais: como a humanidade as utilizou para organizar o
pensamento e/ou proporcionar reflexão acerca das suas atitudes e dos comportamentos, assim como o surgimento das técnicas e o desenvolvimento das sociedades atuais. Isso pode contribuir para ajudar os indivíduos a compreenderem a importância
das atividades artísticas e ampliarem sua capacidade de estudo e reflexão sobre a produção de sentido, raciocínio e arte, seja de forma generalizada, seja no âmbito das Artes Cênicas.
Presença cênica: o artista em cena
A presença cênica do artista se dá pelo movimento. É pela presença da emoção e da imaginação que se dá forma e textura à experiência da percepção sensorial, assim como de sentir e de pensar, criando imagens internas que são combinadas
visando representar determinada experiência.

A capacidade imaginativa está na essência de qualquer processo de conhecimento, seja artístico, científico ou técnico. Ter presença cênica: esta seria a condição e habilidade superior a ser possuída pelo artista – em cena –e percebida
pelo espectador.
Porém, o simples fato de estar presente num espaço cênico não provoca necessariamente essa condição. Para Ryngaert (2009), a presença cênica não existe simplesmente através das características físicas do indivíduo, mas sob a forma de uma
energia irradiante cujos efeitos sentimos antes mesmo que o artista tenha agido ou tomado a palavra. Ela emerge do vigor de seu estar ali.

Nas Artes Cênicas, de maneira generalizada, é por meio de um corpo expressivo que se revelam as pulsões sensoriais, emocionais e racionais, provocadas pela palavra/poesia, desenhos, objetos, músicas, imagens etc.; que se acionam as tensões
dramáticas e os estados corporais (sensação e emoção). O corpo presente e disponível é, portanto, o elemento essencial, pois servindo como meio, é elemento primeiro e final da construção cênica.
Por fim, o artista, ao trabalhar com o fundamento na noção de corpo como materialidade em interfaces na relação sociocultural, reflete, nas produções artístico-estéticas, como forma de resistência e/ou (re)atualizações, inovações
e criações de valores e percepções sobre o próprio corpo.
Nesta webaula estudamos a natureza e a função das Artes Cênicas: a reflexão sobre a efemeridade que envolve as atividades que compõem as Artes Cênicas e as circunstâncias que nos fazem compreendê-la como Arte do Espetáculo
Vivo, bem como a essência da presença cênica como motor vital deste fenômeno, a relevância de sua existência como produtor e difusor de cultura na sociedade ocidental, assim como sua relevância no âmbito da educação.