introdução
Olá, estudante!
Seja bem-vindo à nossa disciplina de Instituições Internacionais! Nesta aula 2 da Unidade 3 vamos falar sobre Comércio Internacional. Nosso principal objetivo é que você consiga entender do que se trata quando falamos em comércio internacional, o que se entende por Imperialismo e o que é Capitalismo de estado e relações comerciais na atualidade.
Comércio Internacional
Neste bloco conceito vamos definir o que se entende por Comércio Internacional e qual a importância desse setor para um país.
Fazendo uma retrospectiva histórica, as origens do conceito de Comércio internacional estão relacionadas à expansão marítima, século XV, período em que foi consolidado os chamados Estados Modernos. Com a consolidação dessa forma de organização de estado se desenvolveram as relações comerciais, a utilização e a circulação de moedas ainda que a ideia de dinheiro como uma ferramenta de troca não tenha se consolidado nesse período. Importante ser destacado é que esse período é representativo para sinalizar o surgimento das trocas de mercadorias e serviços que evoluíram até chegar à forma que conhecemos hoje como comércio (Zanetti, 2011).
É reconhecido que nenhum país produz todos os bens e serviços necessários à sobrevivência ou aos interesses diversos de sua população. Diante dessa necessidade de adquirir produtos por meio de outras fontes é que se constitui o comércio internacional. Podemos então entender comércio internacional como uma estratégia buscada pelos países para adquirir de forma eficaz bens e serviços necessários à sua população ou à sua produção. De modo semelhante, países que possuem excedentes em suas produções estabelecem relações comerciais com outros países, criando relações de compra e venda no “mercado internacional”.
A inserção no comércio internacional é entendida como um dos pilares da economia de um país, pois pode fomentar o crescimento e o desenvolvimento econômico ao preencher as lacunas existentes em seu mercado de produção, ou ao escoar e comercializar a produção nacional excedente. A inserção no comércio internacional pode favorecer a melhoria das condições de vida da população como um todo, no médio e no longo prazo (Neves; Silva; Bueno, 2020).

O comércio internacional é uma área também amparada por teorias e conceitos que se destinam a entender como o comércio evolui com o tempo, ele pode contribuir para o desenvolvimento das nações. Um conceito importante é o da a balança comercial, utilizado para expressar a diferença entre as exportações e importações de um país. Isto é, quando o volume de exportações for superior ao de exportações, diz-se que um país tem uma balança comercial superavitária.
Na lógica do comércio internacional, um importante teórico é David Ricardo (1777-1823), o qual propôs uma teoria muito utilizada nas trocas comerciais definida como teoria das vantagens comparativas. Pela ótica da vantagem comparativa, David Ricardo propõe que as nações podem se inserir no comércio internacional mesmo quando um país é mais produtivo e eficiente na sua produção de consumo. De acordo com Ricardo, existem ganhos quando se propõe vantagens comparativas e não somente quando se observa as vantagens absolutas de um país (Neves; Silva; Bueno, 2020).

Imperialismo e nova fase do capitalismo
Aqui utilizaremos o conceito de Comércio Internacional apresentado para compreender o que é Imperialismo. Muitas vezes, o conceito de Imperialismo é associado a reis e rainhas, ou a monarquias. Quando falamos de imperialismo e sua relação com Comércio Internacional, estamos nos referindo à uma fase do capitalismo em que há concentração de renda e riqueza.
A obra clássica O imperialismo, fase superior do capitalismo de Lênin, discute questões importantes, como as características do que se entende por Imperialismo em um cenário capitalista contemporâneo. Lenin aponta características que devem ser pensadas em um contexto de trocas comerciais entre países distintos. Para entender as características apontadas por Lênin, é importante ter em mente questões como: quais as características principais caracterizam o capitalismo contemporâneo? Qual impacto o comércio por meio das trocas comerciais pode causar entre os países envolvidos?
A fim de responder essas questões, o autor propõe algumas características, são elas: 1) as trocas comerciais podem fomentar a concentração da produção, concentração do capital e o surgimento de monopólios; 2) o surgimento de oligarquias financeiras, o que ocorre por meio da fusão entre capital industrial e capital bancário; 3) Lênin chama atenção para o fato de que na nova fase do capitalismo para além da exportação de bens e serviços passam também a ser exportados capitais, o que pode ocorrer no formato de empréstimos internacionais; 4) Em decorrência da concentração da produção e concentração de riqueza, torna-se cada vez mais possível a consolidação de monopólios que tenderão a partilhar o mundo economicamente entre si; 5) Por fim, a ideia de imperialismo remete à ideia de que tenderá a existir uma partilha de territórios no mundo entre as grandes potências (Lênin; 1975; Vigevani; Mendonça; Lima 2018).
O contexto atual extremamente globalizado influencia fortemente o capitalismo e as trocas comerciais, tornando as características destacadas por Lênin (1975) mais visíveis. É diante do cenário globalizado que tem se observado com maior frequência o processo de grandes fusões entre capital industrial, bancário e de serviços. De modo semelhante ao se falar em partilha territorial do mundo entre as grandes potências, pode-se apontar o surgimento de blocos econômicos ao redor do mundo, que podem manifestar formas distintas de desigualdades.
Em outros termos, o surgimento de blocos econômicos pode refletir contradições e realçar desigualdades entre países desenvolvidos e em desenvolvimento. Adicionalmente, o contexto globalizado é marcado pelo que os autores definem como oligarquia financeira. Em outros termos, Chesnai (2001) e Costa (2012) destacam a intensa “transferência de recursos dos países da periferia para os países centrais”, o que destaca quão rentável se tornou esse modelo de trocas comerciais, sobretudo para os chamados Estados “imperialistas” (Costa, 2012).
Por fim, para se compreender a ideia de imperialismo, o importante a se observar é a concentração de riqueza e a criação de monopólios e oligopólios mundiais, ideia que está expressa na imagem exposta em sequência.

Capitalismo de Estado e Relações Internacionais
Aqui reconhecendo os conceitos de Comércio Internacional e Imperialismo, qual seria a estratégia econômica de um país para assegurar uma boa inserção no mercado internacional? Na Aula 1 desta Unidade 3, discutimos alguns conceitos, os quais utilizavam as ideias de livre comércio ou a intervenção estatal. Nesta aula, ainda que indiretamente, essas ideias serão retomadas.
Ainda que o comércio internacional tenha como principal objetivo a aquisição de bens e serviços de forma eficaz, essa relação pode gerar concentração de renda, concentração de produção, formação de monopólios e acentuar a desigualdade de renda de maneira geral. Qual seria, portanto, a estratégia de um Estado para assegurar sua atuação no comércio internacional?

A ideia de capitalismo de Estado aparece nesse contexto como uma proposta de reposta a essa questão. Reconhecendo que na nova fase do capitalismo são apresentados novos traços para o imperialismo, a intervenção do Estado na economia pode ser um caminho para assegurar a atuação de um país no comércio internacional. Nesse sentido, Capitalismo de Estado pode então ser entendido como um arranjo econômico em que os governos utilizam o mercado para fomentar seus próprios interesses. Para isso, podem estabelecer parcerias com empresas para gerenciar a exploração e a produção, além de ser estratégico para elevar o número de empregos nacionais.
Um interessante exemplo é a atuação dos países nos fóruns comerciais que visam regulamentar as trocas. Um exemplo clássico é a atuação do Brasil junto à OMC (Organização Mundial do Comércio) e a criação de alianças e coalizões dentro dessa instituição internacional para favorecer países em desenvolvimento. Um exemplo simbólico da atuação brasileira pode ser expresso pela luta das patentes farmacêuticas, quebrando o monopólio das grandes empresas farmacêuticas para produzir medicamentos de alto custo.
A delegação brasileira atuou nesse chamado “contencioso das patentes farmacêuticas” para mobilizar atores internacionais e convencer a opinião pública internacional a respeito das questões desfavoráveis que países em desenvolvimento enfrentam. As empresas farmacêuticas cobravam preços exorbitantes, tornando impraticável o acesso aos medicamentos. Diante desse contencioso, grandes farmacêuticas com o monopólio de produção de medicamentos, como o de medicamentos para Aids reduziram seus preços e o Brasil adquiriu o direito de produzir o medicamento (Oliveira, 2005).
Vídeo Resumo
Para fixar o aprendizado, assista ao vídeo que sintetiza as principais ideias desta aula, como o que se entende por comércio internacional. Como as trocas comerciais no contexto contemporâneo podem dar um novo formato para o que se entende por Imperialismo e qual estratégia um estado pode utilizar para proteger seu comércio internacional no contexto globalizado.
Saiba mais
Para entender um pouco mais a aplicação dos conceitos e temas estudados nesta aula, assista também ao filme: Destacamento blood, de 2020, que conta a história de quatro veteranos afro-americanos que lutam contra as forças dos homens e da natureza quando retornam ao Vietnã. Após a guerra, começa a busca por restos mortais e pela fortuna escondida. O filme pode auxiliar a saber mais sobre imperialismo, comércio internacional e concentração de riqueza.
