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Aula 1

Economia política nas relações internacionais 

Olá, estudante! Seja bem-vindo à nossa disciplina de Instituições Internacionais! Nesta unidade 3 vamos falar sobre economia política nas relações internacionais. 

10 minutos

introdução

Olá, estudante!
Seja bem-vindo à nossa disciplina de Instituições Internacionais! Nesta unidade 3 vamos falar sobre economia política nas relações internacionais. Nosso principal objetivo é que você entenda os conceitos de Liberalismo Econômico e Capital Monopolista. Esses conceitos serão fundamentais para compreender a importância da atuação das Instituições Internacionais na Economia Mundial.
Você já refletiu por que organizações internacionais como FMI, Banco Mundial e OMC foram criadas? Antes de estudar essas instituições internacionais vamos conhecer as motivações que levaram a esses organismos internacionais, vamos lá?

O liberalismo econômico

A economia política internacional envolve a vida de todo o ser humano. Trataremos de modo objetivo de três lentes teóricas clássicas do campo de estudos de Economia Política Internacional, são elas: mercantilismo, liberalismo econômico e marxismo. Passaremos brevemente sobre mercantilismo e marxismo e destinaremos maior ênfase ao liberalismo econômico.
Falar sobre mercantilismo sugere uma discussão sobre os séculos XVI e XVII no contexto do Estado Moderno. Mas o que se entende por mercantilismo? Mercantilistas entendem que a economia internacional é um espaço de intensa competição econômica onde não há espaço para cooperação, o objetivo principal é a ampliação do poder estatal. Como o pensamento dominante consiste na competição e conflito, os estados buscarão proteger suas economias visando aumentar sua riqueza. Em outros termos, o Estado deve subordinar a sua economia ao Estado, ator considerado essencial para defender os interesses econômicos, a riqueza e o poder (Jackson; Sorensen, 2007).
A discussão sobre mercantilismo auxilia na compreensão do que é chamado Liberalismo econômico. De modo oposto ao mercantilismo, o liberalismo sugere uma economia autônoma sem intervenção estatal. Um importante pensador do Liberalismo econômico, considerado pai dessa corrente de pensamento, foi o filósofo britânico Adam Smith (1723-1790) autor da obra A Riqueza das Nações. De modo objetivo liberalismo pode ser definido como um sistema econômico que assegura o direito à propriedade privada em um cenário de livre mercado e livre concorrência no mercado. A principal característica é a não intervenção do Estado na economia e com inflação sob controle (Fiori, 1999; Fernandes, 2005).
Talvez você já tenha ouvido a expressão “mão invisível” na economia. Essa expressão foi utilizada por Smith para descrever um modelo de economia em que o mercado pode se regular de maneira eficiente sem a intervenção do Estado, visto que as economias tenderiam a se expandir espontaneamente a partir de regras e mecanismos próprios. Essa perspectiva entende a economia como “uma doutrina de princípios voltados a administrar o crescimento econômico e a riqueza individual” (Gilpin, 1987, p. 27). 
Smith criticava os altos impostos, o protecionismo e a ideia do Estado como o principal ator para tomar decisões na economia. Na visão liberal econômica, o indivíduo é o principal ator, pois é quem consome, produz e realiza as trocas comerciais. Não existe na visão liberal um entendimento de uma economia mundial conflitiva. Essa visão contrapõe a lógica mercantilista, que entende as trocas comerciais como instrumento para favorecer a prosperidade dos Estados.

Figura 1 | Monopólio financeiro
Fonte: Pixabay.( Monopólio Dinheiro Potência - Gráfico vetorial grátis no Pixabay - Pixabay)

Alguns estudiosos da vertente liberal econômica preveem que em determinados cenários será necessária maior intervenção do Estado no mercado. Como exemplo, pode-se citar John Stuart Mill. Essa visão abriu espaço para a ascensão de uma teoria liberal reformulada, que se manteve até início dos anos 1980 (Gaspar, 2015).
Em relação ao Marxismo, teoria clássica associada aos estudos de Economia Política, essa vertente destaca como ponto central a luta de classes, que não fica restrita às fronteiras dos Estados. Os Estados tendem a buscar novos mercados e ampliar seus lucros por meio do que os estudiosos dessa corrente definiram como expansão capitalista, cronologicamente associado aos anos de 1870 a 1914, que se referiram ao período de colonização e exploração de riquezas dos países asiáticos e africanos.
Na contemporaneidade, estudiosos da vertente marxista analisam a globalização econômica e atuação das grandes corporações transnacionais nas economias diversas como um fenômeno de busca por novos mercados para além das fronteiras (Gaspar, 2015; Fiori, 1999).                                                                                 

A Economia Política e sua importância para as Relações Internacionais

A partir da definição das teorias clássicas da Economia Política Internacional, resta-nos, pois, entender: qual a importância da Economia Política para a compreensão das Relações Internacionais? A relação de compra e venda de mercadorias e a utilização do dinheiro enquanto moeda de troca para aquisição de mercadorias e serviços fazem parte da lógica da Economia Política.  Podemos imaginar trocas comerciais ao nosso redor, na nossa cidade, por exemplo, ou em uma perspectiva internacional, visto que estamos em um mundo globalizado. É essa discussão que a Economia Política Internacional traz.
Autores importantes do campo destacaram: “Se a economia é a busca da riqueza e a política é a busca do poder, as duas interagem de modos complicados e surpreendentes" (Polanyi,1957; Gilpin, 2001). Essa dinâmica complexa que se estabelece entre economia e política internacional configura a Economia Política Internacional (Jackson; Sorensen, 2007).
De maneira objetiva, a EPI busca compreender o papel de regras e instituições internacionais para atuarem na estabilização política e econômica. Para além, a economia política internacional é a subárea de estudo das relações internacionais que busca compreender como os fatores econômicos podem influenciar as questões políticas e vice-versa e como essa dinâmica pode afetar o desenvolvimento das relações internacionais entre os países (Racy et al., 2015).
Podemos listar alguns pontos que destacam a importância desse campo de estudos para as relações internacionais, como: i) a EPI ajuda a explicar questões como: comércio, cooperação internacional, integração econômica e globalização; ii) auxilia na identificação de interdependências, assimetrias e desigualdades; iii) pode contribuir na formulação de políticas públicas para a redução das desigualdades e para a promoção da cooperação internacional.

Figura 2 | Moedas e economia internacional
Fonte: Pixabay. (Dinheiro Dólares Pesos - Gráfico vetorial grátis no Pixabay - Pixabay)

Reconhecendo a importância da Economia Política para as relações internacionais diante de um cenário globalizado, é de relevância definir o que é capital monopolista. Destacamos ao discutir a teoria clássica marxista que grandes corporações transnacionais atuam para ganhar novos mercados ao redor do mundo. Em outros termos, o capital monopolista se refere à ideia da concentração do capital em empresas, corporações ou atores privados que atuam de maneira globalizada, aumentando a disputa por recursos e atuação política, limitando a livre concorrência e a diversificação de preços. 
Algumas características podem ser associadas a esse conceito, como: i) concentração da produção, o fato de poucos atores com elevado capital controlarem a maior parte do mercado e utilizarem práticas anticompetitivas para sustentar o monopólio no mercado; ii) ausência de concorrência, visto que há formação de monopólios e oligopólios e adoção de práticas anticompetitivas para desestimular empresas menores; iii) elevação da desigualdade social e econômica e concentração do capital com poucas empresas; e por fim iv) não estão sujeitas à intervenção do Estado para desempenharem suas atividades econômicas (Fernandes, 2005; Gaspar, 2015).

A expansão do capital e a formação de monopólios

Para compreender os conceitos de Liberalismo Econômico, Economia Política e Capital Monopolista, são apresentados marcos históricos que auxiliam na compreensão.
Um dos grandes marcos históricos para se compreender a atuação do Liberalismo Econômico é a Revolução Industrial, a qual ocorreu ao final do século XVIII e início do século XIX na Inglaterra. Nesse período notou-se intensa transformação econômica, social e tecnológica e o grande enriquecimento do país, promovido muito em função da expansão inglesa para novos mercados, livre concorrência e não intervenção estatal, aspectos fundamentais para o desenvolvimento de setores distintos da indústria, como setor têxtil, siderúrgico e mineração.
O cenário da Revolução Industrial permitiu o enriquecimento inglês e a liderança no processo de “colonização”, que consistiu na expansão inglesa em busca de novos mercados, consumidores e novas fontes de matérias-primas para a produção industrial. Nesse período, a Inglaterra expandiu seu mercado e influência por meio da conquista de novas regiões, como África e Ásia. A colonização inglesa desses países é um bom exemplo histórico para destacar o monopólio inglês sobre esses mercados e essas regiões (Racy et al., 2015).

Figura 3 | Monopólio e riqueza
Fonte: Pixabay. Monopólio Potência Rico - Gráfico vetorial grátis no Pixabay - Pixabay

Para compreender o capital monopolista utilizaremos o exemplo histórico da Standard Oil Company, criada por John Rockefeller em 1870. A Standard Oil Company era a empresa dominante de 90% do mercado de petróleo até o início do século XX. Utilizava práticas anticompetitivas com seus possíveis concorrentes, como a fixação de preços no mercado para manter a liderança no mercado. A atuação monopolista da Standard Oil Company trazia dificuldades para as empresas menores se inserirem nesse mercado, o que fomentou nos Estados Unidos, 1911, a criação de leis regulamentando a atuação dessa corporação. 
Por fim, buscando compreender de maneira aplicada os conceitos mobilizados nesta aula, utilizamos como texto base uma notícia de jornal que discutiu a possibilidade de o capitalismo adentrar uma nova fase. O texto, Mundo está entrando em uma nova fase do capitalismo? - BBC News Brasil, discute os impactos do capitalismo na transformação do Estado e da sociedade desde as Revoluções Industrial e tecnológica. Se por um lado o capitalismo estimulou a produção e inovação, de outro promoveu a desigualdade de renda, a concentração de riqueza, a elevação dos níveis de pobreza e os impactos ambientais decorrentes da elevação do padrão de consumo. 
De que maneira essa discussão está relacionada aos temas discutidos nesta aula? 
Um primeiro aspecto está relacionado às trocas comerciais em uma perspectiva global, o que se relaciona à expansão de mercado e à ideia de globalização. Em um segundo aspecto, economias em que se observam elevados níveis de pobreza e desigualdade colocam em xeque as premissas do liberalismo econômico em que há um estado mínimo de intervenção na economia. Por último, empresas detentoras de maior capital tenderão à maior inovação e produção e, consequentemente, conquistarão mais mercados e consumidores, reforçando também a desigualdade nas trocas comerciais. 

Video Resumo

No nosso vídeo vamos abordar a definição do Liberalismo Econômico e as críticas a essa visão, como a concentração de riqueza e a concentração de capital, além de situar o campo da Economia Política Internacional como um campo importante para analisar e contribuir com as trocas econômicas e comerciais.

 

Saiba mais

Algumas empresas são consideradas monopolistas no mercado em que atuam, por exemplo:
Microsoft - mantém uma posição dominante no comércio global, atuando na prestação de serviços na área de software e hardware.
Coca-Cola - mantém liderança internacional, é exportada para o mundo inteiro e já utilizou práticas monopolistas.
Uma indicação de filme para auxiliar na fixação do conteúdo é: Salvando o Capitalismo (2017) 

Dirigido por Jacob Kornbluth e Sari Gilman. No filme, o professor Robert Reich busca propor traçar um novo caminho para o sistema econômico, sugerindo a inclusão de um sistema mais justo e democrático.

Aula 2

O comércio internacional 

Olá, estudante! Seja bem-vindo à nossa disciplina de Instituições Internacionais! Nesta aula 2 da Unidade 3 vamos falar sobre Comércio Internacional. 

10 minutos

introdução

Olá, estudante!
Seja bem-vindo à nossa disciplina de Instituições Internacionais! Nesta aula 2 da Unidade 3 vamos falar sobre Comércio Internacional. Nosso principal objetivo é que você consiga entender do que se trata quando falamos em comércio internacional, o que se entende por Imperialismo e o que é Capitalismo de estado e relações comerciais na atualidade.

Comércio Internacional

Neste bloco conceito vamos definir o que se entende por Comércio Internacional e qual a importância desse setor para um país.
Fazendo uma retrospectiva histórica, as origens do conceito de Comércio internacional estão relacionadas à expansão marítima, século XV, período em que foi consolidado os chamados Estados Modernos. Com a consolidação dessa forma de organização de estado se desenvolveram as relações comerciais, a utilização e a circulação de moedas ainda que a ideia de dinheiro como uma ferramenta de troca não tenha se consolidado nesse período. Importante ser destacado é que esse período é representativo para sinalizar o surgimento das trocas de mercadorias e serviços que evoluíram até chegar à forma que conhecemos hoje como comércio (Zanetti, 2011).
É reconhecido que nenhum país produz todos os bens e serviços necessários à sobrevivência ou aos interesses diversos de sua população. Diante dessa necessidade de adquirir produtos por meio de outras fontes é que se constitui o comércio internacional. Podemos então entender comércio internacional como uma estratégia buscada pelos países para adquirir de forma eficaz bens e serviços necessários à sua população ou à sua produção. De modo semelhante, países que possuem excedentes em suas produções estabelecem relações comerciais com outros países, criando relações de compra e venda no “mercado internacional”.
A inserção no comércio internacional é entendida como um dos pilares da economia de um país, pois pode fomentar o crescimento e o desenvolvimento econômico ao preencher as lacunas existentes em seu mercado de produção, ou ao escoar e comercializar a produção nacional excedente. A inserção no comércio internacional pode favorecer a melhoria das condições de vida da população como um todo, no médio e no longo prazo (Neves; Silva; Bueno, 2020).

Figura 1 | Comércio internacional no contexto globalizado
Fonte: Pixabay. (Shopping Comprar Online Oferta - Gráfico vetorial grátis no Pixabay - Pixabay)

O comércio internacional é uma área também amparada por teorias e conceitos que se destinam a entender como o comércio evolui com o tempo, ele pode contribuir para o desenvolvimento das nações.  Um conceito importante é o da a balança comercial, utilizado para expressar a diferença entre as exportações e importações de um país. Isto é, quando o volume de exportações for superior ao de exportações, diz-se que um país tem uma balança comercial superavitária.
Na lógica do comércio internacional, um importante teórico é David Ricardo (1777-1823), o qual propôs uma teoria muito utilizada nas trocas comerciais definida como teoria das vantagens comparativas. Pela ótica da vantagem comparativa, David Ricardo propõe que as nações podem se inserir no comércio internacional mesmo quando um país é mais produtivo e eficiente na sua produção de consumo. De acordo com Ricardo, existem ganhos quando se propõe vantagens comparativas e não somente quando se observa as vantagens absolutas de um país (Neves; Silva; Bueno, 2020).

Figura 2 | Crescimento econômico
Fonte: Pixabay. (Dados Homem De Negocios - Gráfico vetorial grátis no Pixabay - Pixabay)

Imperialismo e nova fase do capitalismo

Aqui utilizaremos o conceito de Comércio Internacional apresentado para compreender o que é Imperialismo. Muitas vezes, o conceito de Imperialismo é associado a reis e rainhas, ou a monarquias. Quando falamos de imperialismo e sua relação com Comércio Internacional, estamos nos referindo à uma fase do capitalismo em que há concentração de renda e riqueza.
A obra clássica O imperialismo, fase superior do capitalismo de Lênin, discute questões importantes, como as características do que se entende por Imperialismo em um cenário capitalista contemporâneo. Lenin aponta características que devem ser pensadas em um contexto de trocas comerciais entre países distintos. Para entender as características apontadas por Lênin, é importante ter em mente questões como: quais as características principais caracterizam o capitalismo contemporâneo? Qual impacto o comércio por meio das trocas comerciais pode causar entre os países envolvidos?
A fim de responder essas questões, o autor propõe algumas características, são elas: 1) as trocas comerciais podem fomentar a concentração da produção, concentração do capital e o surgimento de monopólios; 2) o surgimento de oligarquias financeiras, o que ocorre por meio da fusão entre capital industrial e capital bancário; 3) Lênin chama atenção para o fato de que na nova fase do capitalismo para além da exportação de bens e serviços passam também a ser exportados capitais, o que pode ocorrer no formato de empréstimos internacionais; 4) Em decorrência da concentração da produção e concentração de riqueza, torna-se cada vez mais possível a consolidação de monopólios que tenderão a partilhar o mundo economicamente entre si; 5) Por fim, a ideia de imperialismo remete à ideia de que tenderá a existir uma partilha de territórios no mundo entre as grandes potências (Lênin; 1975; Vigevani; Mendonça; Lima 2018).
O contexto atual extremamente globalizado influencia fortemente o capitalismo e as trocas comerciais, tornando as características destacadas por Lênin (1975) mais visíveis. É diante do cenário globalizado que tem se observado com maior frequência o processo de grandes fusões entre capital industrial, bancário e de serviços. De modo semelhante ao se falar em partilha territorial do mundo entre as grandes potências, pode-se apontar o surgimento de blocos econômicos ao redor do mundo, que podem manifestar formas distintas de desigualdades.
Em outros termos, o surgimento de blocos econômicos pode refletir contradições e realçar desigualdades entre países desenvolvidos e em desenvolvimento. Adicionalmente, o contexto globalizado é marcado pelo que os autores definem como oligarquia financeira. Em outros termos, Chesnai (2001) e Costa (2012) destacam a intensa “transferência de recursos dos países da periferia para os países centrais”, o que destaca quão rentável se tornou esse modelo de trocas comerciais, sobretudo para os chamados Estados “imperialistas” (Costa, 2012).
Por fim, para se compreender a ideia de imperialismo, o importante a se observar é a concentração de riqueza e a criação de monopólios e oligopólios mundiais, ideia que está expressa na imagem exposta em sequência.

Figura 3 | Imperialismo
Fonte: Pixabay. (Dinheiro Poupança Investimento - Gráfico vetorial grátis no Pixabay - Pixabay

Capitalismo de Estado e Relações Internacionais

Aqui reconhecendo os conceitos de Comércio Internacional e Imperialismo, qual seria a estratégia econômica de um país para assegurar uma boa inserção no mercado internacional? Na Aula 1 desta Unidade 3, discutimos alguns conceitos, os quais utilizavam as ideias de livre comércio ou a intervenção estatal. Nesta aula, ainda que indiretamente, essas ideias serão retomadas. 
Ainda que o comércio internacional tenha como principal objetivo a aquisição de bens e serviços de forma eficaz, essa relação pode gerar concentração de renda, concentração de produção, formação de monopólios e acentuar a desigualdade de renda de maneira geral. Qual seria, portanto, a estratégia de um Estado para assegurar sua atuação no comércio internacional? 

Figura 4 | Trocas comerciais
Fonte: Pixabay.( Marketing Dólar O Negócio - Gráfico vetorial grátis no Pixabay - Pixabay)

A ideia de capitalismo de Estado aparece nesse contexto como uma proposta de reposta a essa questão. Reconhecendo que na nova fase do capitalismo são apresentados novos traços para o imperialismo, a intervenção do Estado na economia pode ser um caminho para assegurar a atuação de um país no comércio internacional. Nesse sentido, Capitalismo de Estado pode então ser entendido como um arranjo econômico em que os governos utilizam o mercado para fomentar seus próprios interesses. Para isso, podem estabelecer parcerias com empresas para gerenciar a exploração e a produção, além de ser estratégico para elevar o número de empregos nacionais.
Um interessante exemplo é a atuação dos países nos fóruns comerciais que visam regulamentar as trocas. Um exemplo clássico é a atuação do Brasil junto à OMC (Organização Mundial do Comércio) e a criação de alianças e coalizões dentro dessa instituição internacional para favorecer países em desenvolvimento. Um exemplo simbólico da atuação brasileira pode ser expresso pela luta das patentes farmacêuticas, quebrando o monopólio das grandes empresas farmacêuticas para produzir medicamentos de alto custo.
A delegação brasileira atuou nesse chamado “contencioso das patentes farmacêuticas” para mobilizar atores internacionais e convencer a opinião pública internacional a respeito das questões desfavoráveis que países em desenvolvimento enfrentam. As empresas farmacêuticas cobravam preços exorbitantes, tornando impraticável o acesso aos medicamentos. Diante desse contencioso, grandes farmacêuticas com o monopólio de produção de medicamentos, como o de medicamentos para Aids reduziram seus preços e o Brasil adquiriu o direito de produzir o medicamento (Oliveira, 2005). 

Vídeo Resumo

Para fixar o aprendizado, assista ao vídeo que sintetiza as principais ideias desta aula, como o que se entende por comércio internacional. Como as trocas comerciais no contexto contemporâneo podem dar um novo formato para o que se entende por Imperialismo e qual estratégia um estado pode utilizar para proteger seu comércio internacional no contexto globalizado.

 

Saiba mais

Para entender um pouco mais a aplicação dos conceitos e temas estudados nesta aula, assista também ao filme: Destacamento blood, de 2020, que conta a história de quatro veteranos afro-americanos que lutam contra as forças dos homens e da natureza quando retornam ao Vietnã. Após a guerra, começa a busca por restos mortais e pela fortuna escondida. O filme pode auxiliar a saber mais sobre imperialismo, comércio internacional e concentração de riqueza.

Aula 3

As Instituições de Bretton Woods

Olá, estudante! Seja bem-vindo, à terceira aula da Unidade 3, que trata sobre as Instituições de Bretton Woods.

10 minutos

introdução

Olá, estudante! Seja bem-vindo, à terceira aula da Unidade 3, que trata sobre as Instituições de Bretton Woods. Antes de chegarmos à discussão das instituições, percorreremos um caminho histórico que visa demonstrar a importância do comércio no cenário internacional. Para mapearmos esse caminho, no bloco conceito será realizada a discussão sobre o breve século XX e as transformações econômicas desse período.
Em sequência, passamos para o bloco compreensão, que trata de eventos históricos e estratégias econômicas, o que é representado pela Crise de 1929 e o keynesianismo. Após essas definições e compreensões chegamos às Instituições de Bretton Woods, criadas para reestruturar a economia mundial no contexto pós-Segunda Guerra. 

O breve século XX

Olá, estudante! Você já imaginou a importância do século XX na história da economia, sobretudo, na perspectiva internacional? O século XX em questão tem grande relevância na história devido aos impactos e à transformação econômica por ele gerada. É desse período que se nota a elevação na produtividade, o crescimento da riqueza de muitos países, o desenvolvimento de tecnologias e a geração de condições de vida capazes de promover maior conforto. Qual seria então o grande diferencial do século XX para promover essas mudanças?
Ao se observar as evidências históricas, observa-se que a situação da virada do século XIX para o século XX trazia consigo algumas semelhanças. O começo dos anos 1900 foi marcado pelo livre-comércio, pelas finanças internacionais, pelos investimentos, pelas imigrações internacionais e uma ordem monetária estruturada no padrão-ouro, características que deram as bases estruturais para o mundo moderno, entre o final do século XIX e início do século XX.
O padrão-ouro foi o sistema monetário financeiro que esteve vigente do século XIX até o final da Primeira Guerra Mundial, contexto em que o capitalismo começava a apresentar sinais de crise. Como característica definidora, pode-se dizer que o padrão-ouro é um sistema que vincula o valor da moeda ao volume de ouro que um país possui. Nesse sentido, dizer que um país possui lastro ouro, implica que a moeda está vinculada ao preço do ouro, e as mercadorias derivam do preço deste bem.

Figura 1 | Da crise à expansão econômica
Fonte: Pixabay. (Cabeça Tesouro Dinheiro O - Gráfico vetorial grátis no Pixabay - Pixabay)

A despeito das mudanças proporcionadas pelo século XX como sumariamente apontadas, a expressão Breve Século XX foi um termo cunhado pelo historiador Eric Hobsbawm para analisar o contexto que se estende da Primeira Guerra Mundial, 1914, ao colapso da União Soviética, 1991 (Hobsbawm, 1995). O breve século XX, de acordo com Hobsbawm seria composto por três períodos em que ocorreram eventos e transformações substantivas que impactaram a economia mundial. Na visão do historiador, esses três períodos são:

Assim, o breve século XX é marcado por um período histórico de grandes mudanças político-econômicas que causaram impacto na economia política internacional e no sistema capitalista.

O keynesianismo e a grande depressão

Como destacado no bloco Conceito, o breve século XX foi marcado por eventos diversos que colocaram em xeque o capitalismo e o avanço das economias mundiais. Qual seria então o grande problema econômico desse século em questão e qual estratégia econômica utilizada para contornar esse evento? É sobre este tema que este bloco irá tratar.

Figura 2 | Crise Financeira
Fonte: Pixabay.( Financeiro Crise Perda - Gráfico vetorial grátis no Pixabay - Pixabay)

Para entender a crise é relevante fazer uma analogia histórica. A crise de 1929, ou grande depressão, faz referência a um contexto de crise econômica cujo epicentro foram os Estados Unidos (EUA). A principal justificativa se deve ao desenvolvimento exponencial, ao desenvolvimento tecnológico, à chegada de estrangeiros no país no início do século XX. Os EUA experimentavam uma era de prosperidade econômica, cujo apogeu se deu ao final da Primeira Guerra Mundial, em que se notavam acúmulo de riquezas e notável fluxo de capitais. No sistema financeiro havia excesso de liquidez.
Em outros termos, o sistema bancário autorizava a circulação de um volume maior de moedas e os bancos concediam empréstimos com menores restrições, de modo a incentivar o giro do capital. É datado desse contexto a abertura de diversas novas empresas criadas por ex-soldados da Primeira Guerra Mundial e o surgimento de uma nova classe média muito urbanizada, que fomentou a aceleração no desenvolvimento de serviços de transportes, finanças e mão de obra, principalmente.
Como características gerais, esse contexto pode ser definido a partir da elevação do consumo, do comércio internacional e da demanda. Esses fatores trouxeram impacto à economia como um todo. Nos termos de Coggiola (2015), essa prosperidade experimentada no início do século seria o prenúncio de uma crise. Na década de 1920, os preços começaram a sofrer queda, a qual se tornou problemática em 1929.
Pelo menos dois aspectos podem ser apontados para esse período: i) a crise agrícola que atingiu os pequenos e médios produtores; ii) os fatores climáticos que não contribuíam com o cultivo agrícola. É diante desse contexto que se tem a depressão econômica de 1930. Em meio às suas principais consequências ficaram evidentes: a elevação do desemprego; a redução do PIB e da produção industrial; o isolamento das grandes economias e a consolidação de blocos econômicos; a queda do comércio internacional a um terço do seu valor.
Esse cenário impactou a economia dos EUA e de diversos países como Alemanha, Grã-Bretanha e de países menores, cuja economia era mantida a partir da exportação de commodities para os países desenvolvidos (Coggiola, 2015).

Figura 3 | Crise financeira
Fonte: Pixabay. (Bitcoin Pânico Financeiro - Gráfico vetorial grátis no Pixabay - Pixabay)

Diante desse cenário, qual seria então a alternativa para reverter o quadro de crise econômica?
O keynesianismo surge então como uma resposta econômica à Grande Depressão de 1929. De acordo com John Maynard Keynes, teórico do keynesianismo, o liberalismo econômico da década de 1930 não era suficiente para superar o desemprego e a recessão do período. O teórico propôs então a intervenção do Estado na economia, o que seria feito por meio de investimentos públicos, políticas fiscais e monetárias com a finalidade de estimular o consumo, a geração de empregos, estabilidade dos preços e promover o crescimento econômico.
Em linhas gerais o keynesianismo destacava: i) a intervenção do Estado na economia; ii) o protecionismo alfandegário; iii) subsídios governamentais; iv) o aumento dos gastos públicos. Nos Estados Unidos, o presidente Franklin Delano Roosevelt, visando combater os efeitos da crise, inspirado na teoria keynesiana, implementou o que ficou conhecido como New Deal, um pacote de medidas ditas por Roosevelt como emergenciais, que visavam a retomada da economia dos EUA (Coggiola, 2015). 

O regime internacional de Bretton Woods

Nos blocos Conceito e Compreensão destacamos a importância do comércio internacional em períodos distintos, que vão desde o crescimento até a profunda crise e deflação. O impacto do comércio internacional e da economia são notáveis, assim como outras áreas das Relações Internacionais demandam a coordenação de esforços e a convergência de interesses para que haja cooperação. É nesse sentido que o regime internacional de Bretton Woods deve ser entendido, como uma forma de coordenar e fazer convergir interesses na área temática de comércio internacional.

Figura 4 | Economia Internacional
Fonte: Pixabay. (Celular Moedas Dinheiro - Gráfico vetorial grátis no Pixabay - Pixabay)

No que se relaciona ao contexto, o acordo de Bretton Woods foi construído durante a Segunda Guerra Mundial a partir de negociações que visavam a reorganização do sistema econômico internacional do pós-guerra, tendo como atores protagonistas Estados Unidos e Grã-Bretanha. A desestruturação da estrutura liberal vigente até o século XIX fomentou as discussões sobre a construção desse regime internacional. Pode-se falar em três grandes eixos dentro desse amplo regime internacional, são eles: o regime financeiro, o regime comercial e o regime econômico.
Quanto ao regime financeiro e econômico, estes foram consolidados em 1944 com a criação das Instituições Internacionais, Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco de Reconstrução e Desenvolvimento, o Banco Mundial. Dentre os principais propósitos, essas instituições advogavam pela eliminação das barreiras ao comércio utilizando, principalmente: as restrições cambiais, a defesa de um sistema de taxas de câmbio fixas, a maior disponibilidade para realização de financiamentos para países em crise ou desequilíbrios em suas balanças de pagamento.
Em substituição ao padrão-ouro, esse sistema advogava pelo padrão monetário ouro-dólar, isto é, as transações comerciais passavam a estabelecer o dólar como moeda padrão para as negociações.
Quanto ao regime comercial, o acordo de Bretton Woods pretendia incentivar a consolidação de um arranjo multilateral de comércio, o qual tinha como características a não discriminação acompanhado da liberalização comercial no sistema mundial do comércio. A ideia de multilateralismo aqui presente deve ser relacionada ao que é proposto por Ruggie (1993), “o qual entende que esta forma institucional coordena princípios de conduta entre três ou mais parceiros, visando eliminar a discriminação entre eles” (Delgado, 2019, p. 20).
A ideia do regime internacional do comércio que deve ficar clara é que existem princípios orientadores, quais sejam: i) o princípio da nação mais favorecida, pelo qual se entende que qualquer concessão feita a um parceiro deve ser estendida aos demais, e ii) o princípio da reciprocidade, o qual destaca que concessões feitas devem receber compensações satisfatórias. Com base nesses princípios, o multilateralismo sugeria ser uma opção compatível ao comércio internacional, mesmo em situações em que o protecionismo é defendido na economia (Delgado, 2019).
Por fim, visando resumir o regime internacional de Bretton Woods, pode-se dizer que: i) foi um acordo assinado, no ano de 1944, entre 45 países que buscavam definir diretrizes para lidar com a economia mundial do pós-Segunda Guerra; ii) no que se relaciona ao regime financeiro estabeleceu: o dólar americano como moeda padrão para transações comerciais internacionais, a indexação da taxa de câmbio entre o dólar e as demais moedas, a criação de instituições como FMI, Banco Mundial e o Acordo Geral de Serviços do Comércio (GATTs), que mais tarde viria a se tornar a Organização Mundial do Comércio (OMC); iii) esse regime esteve vigente até 1971, quando os Estados Unidos deram origem ao sistema de câmbio flutuante.  

Video Resumo

Você já deve ter percebido a importância do comércio internacional na economia mundial. Esta aula traz exemplos importantes dos impactos que esse setor pode trazer. A começar pelas transformações causadas pelo breve século XX, seguidos pela queda de demandas e produção que levaram à queda comercial e, por fim, a iniciativa de estabelecer a cooperação multilateral, para restabelecer o sistema financeiro, econômico e comercial no pós-Segunda Guerra Mundial, como proposto pelo regime de Bretton Woods.

 

Saiba mais

As instituições de Bretton Woods exercem notável impacto na dinâmica econômica mundial e podem corroborar para o desenvolvimento econômico do Brasil. Na obra: “Instituições de Bretton Woods: desenvolvimento e implicações para o Brasil, o Embaixador Carlo Marcio Bicalho Cozendey traz uma síntese das ações e estratégias que orientam as instituições de Bretton Woods desde sua criação até a contemporaneidade.  

Aula 4

As Instituições Internacionais e a economia contemporânea 

Nesta aula, discutiremos questões importantes relacionadas à intervenção do Estado na economia e estratégias econômicas para fomentar o desenvolvimento, sobretudo em países menos desenvolvido.

10 minutos

introdução

Nesta aula, discutiremos questões importantes relacionadas à intervenção do Estado na economia e estratégias econômicas para fomentar o desenvolvimento, sobretudo em países menos desenvolvido. A fim de seguir esse trajeto, no bloco Conceito passaremos pela discussão do que é Welfare State e o contexto no qual se desenvolveu. No bloco compreensão, vamos explorar as instituições internacionais econômicas criadas para fomentar o desenvolvimento internacional e equilibrar a economia mundial, como Banco Mundial e Fundo Monetário Internacional. No bloco aplicação, faremos a aplicação do conceito do (neo)liberalismo, no contexto das instituições internacionais. Boa aula!

O mundo pós-guerra e o Welfare State

Neste bloco, falaremos de um importante conceito que ganhou espaço no contexto pós-guerra. Nas aulas anteriores vimos conceitos importantes, como liberalismo, keynesianismo, comércio internacional. Nessa aula, o objetivo é que você tome conhecimento das transformações políticas, econômicas e sociais que surgiram ao final da Segunda Guerra Mundial. Essas transformações levaram à criação de políticas que tinham como objetivo principal a reconstrução dos países devastados pela guerra como países da Europa e do Japão. É nesse contexto que se insere a ideia do Welfare State ou Estado de Bem-Estar Social, em sua tradução para o português.
O contexto de reconstrução pós-guerra contou com a consolidação de organizações econômicas internacionais, como, por exemplo, Banco Mundial e Fundo Monetário Internacional. Essas organizações internacionais tinham como objetivo principal o fomento da cooperação entre os países e a promoção da estabilidade econômica global.
Se os contextos anteriores foram marcados por políticas que visavam o livre-comércio e a intervenção limitada ou não intervenção do Estado na Economia, o Welfare State ou Estado de Bem-Estar Social propunha uma mudança de paradigma, o qual colocava a questão social como um direito do cidadão a ser assegurado pelo Estado. Em outros termos, pode-se dizer que seria uma forma de estruturação política e econômica que entende que o Estados tem um papel na questão assistencial, de direitos básicos, como saúde, educação, emprego e moradia, por exemplo.
A visão do Welfare State, a qual se distingue fortemente da visão liberal, surgiu como resposta para as demandas da classe trabalhadora após a Segunda Guerra Mundial, contexto de crises econômicas e que o seguro social não se mostrava suficiente para atender os trabalhadores. 

Figura 1 | Bem estar social
Fonte: Pixabay. (Justiça Social A Literacia Dos - Gráfico vetorial grátis no Pixabay - Pixabay)

A fim de se definir o conceito de Welfare State, pode-se dizer que esse conceito traz a ideia de: i) garantia de padrões mínimos de direitos humanos e sociais; ii) intervenção na economia; iii) adoção de políticas assistenciais que visam melhorar a qualidade de vida no país e iv) entendimento de que os serviços públicos prestados pelo Estado são um direito político do cidadão e não como caridade (Arretche, 1995). “Essa realidade de assistência social se torna possível devido ao fato de que a industrialização viabiliza um elevado crescimento do poder econômico e da riqueza das sociedades” (Arretche, 1995, p. 6).
Como destacado por Esping-Andersen (1995), o Welfare State significou mais que um simples incremento das políticas sociais no mundo industrial desenvolvido, significou uma ruptura com a lógica do mercado, reivindicando segurança, emprego e ganhos como direitos em cidadania e justiça social (Esping-Andersen, 1995, p. 1).
É relevante destacar que na contemporaneidade muitas das premissas do Welfare State caíram em desuso. Algumas são as justificativas para o enfraquecimento desse conceito, como a garantia do pleno emprego, o envelhecimento populacional, as mudanças sociais, como a entrada da mulher no mercado de trabalho, mudanças estruturais que provocaram mudanças substantivas sobre política social (Esping-Andersen, 1995). 

O Banco Mundial e o FMI

Neste bloco vamos compreender um pouco de como funcionam duas importantes instituições consolidadas na Conferência de Bretton Woods, em 1944, que possuem funções complementares, são elas: o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional (FMI).
No que se relaciona ao contexto e propósito, essas instituições foram criadas ao final da Segunda Guerra Mundial, para lidar com a devastação socioeconômica deixada pela guerra, seja auxiliando na redução da pobreza, como no caso do Banco Mundial, ou auxiliando países com balanças de pagamentos deficitárias, como é o caso do FMI.
No caso do Banco Mundial, tem-se um grupo formado por instituições como: i) o Banco de Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD); ii) a Associação Internacional de Desenvolvimento, que têm como compromisso reduzir a pobreza, aumentar a prosperidade e promover o desenvolvimento sustentável. Junto a essas, atuam instituições que também fazem parte do Grupo Banco Mundial, como: iii) a Corporação Financeira Internacional (IFC), iv) a Agência Multilateral de Garantia de Investimentos (MIGA) e o Centro Internacional para Resolução de Disputas sobre Investimentos (ICSID), que destinam suas atividades para fortalecer o setor privado e auxiliar no desenvolvimento dos países.
De maneira objetiva, a principal característica do Grupo Banco Mundial é fomentar o desenvolvimento entre os países e reduzir os níveis de pobreza nos países que possuem os maiores índices de desigualdades (Banco Mundial, 2023).
No que se relaciona ao Fundo Monetário Internacional (FMI), essa instituição internacional atua como autoridade responsável pelo sistema monetário internacional. Tem como principais objetivos: i) a promoção da cooperação monetária internacional; ii) a criação de estratégias para fomentar o comércio internacional; iv) o fomento de estratégias para elevar os níveis de emprego, favorecer o crescimento de maneira sustentável e reduzir globalmente a pobreza; v) garantir a estabilidade do sistema monetário por meio da concessão de empréstimos aos países que enfrentam problemas em suas balanças de pagamentos (Banco Mundial, 2023).
Uma questão relevante no que se relaciona à estrutura do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional é que em Bretton Woods decidiu-se que o regime de votos entre os países-membros não seria realizado de modo igualitário, o regime de votação consideraria a proporcionalidade da participação financeira de cada país, em outros termos, o voto seria com peso pela contribuição financeira, o que significa dizer que países que destinam as maiores contribuições financeiras às instituições têm poder de vetar políticas.
Os Estados Unidos são os únicos com poder de veto integral às decisões devido ao fato de que as cotas pagas por esse país estão acima do limite estabelecido. Contudo, é de relevância destacar que as decisões com possibilidades de veto pelos EUA são de caráter normativo e institucional, como mudanças estatutárias, relacionadas ao aumento de aporte de capital (Guimarães, 2012).

Figura 2 | Finanças internacionais
Fonte: Pixabay. (Banco Dinheiro Finança - Gráfico vetorial grátis no Pixabay - Pixabay)

O neoliberalismo e as instituições econômicas

Após ter investigado os objetivos das instituições internacionais, como Banco Mundial e Fundo Monetário Internacional, é de relevância discutir o neoliberalismo e as instituições econômicas internacionais. Resta-nos, pois, compreender o que que vem a ser neoliberalismo e sua aplicação junto às instituições ou organizações internacionais.
De modo objetivo, pode-se definir neoliberalismo como um “paradigma econômico e político, o qual consiste em um conjunto de políticas e processos que permitem que pequenos grupos de interesses particulares controlem a maior parte da vida social com o objetivo de maximizar seus benefícios individuais” (Chomsky, 2018, p. 1). Se as instituições internacionais funcionam como plataformas para disseminar ideias, o neoliberalismo encontra espaço para ser difundido e transnacionalizado a partir de organismos internacionais.
De maneira geral, para fins didáticos, pode-se destacar algumas características do neoliberalismo: i) o neoliberalismo é uma teoria econômica que defende a livre iniciativa, a livre concorrência e a redução tanto da intervenção do Estado na economia, como a redução das barreiras ao comércio internacional; ii) o prefixo neo foi adicionado à ideia de liberalismo, pois neoliberalismo consiste em uma adaptação do liberalismo clássico à economia globalizada, o qual se opunha ao keynesiansmo, que defendia a maior intervenção do Estado na economia (Chomsky, 2018; Fortes, Pereira, Ramos, 2021); iii) nas décadas de 1980 e 1990, o neoliberalismo ganhou força a partir da difusão do chamado Consenso de Washington, o qual é definido como um pacote de políticas econômicas recomendadas por instituições econômicas internacionais, como FMI e Banco Mundial para países em desenvolvimento. Essas medidas apresentavam como características gerais a liberalização do comércio, a privatização de empresas estatais e a desregulamentação do mercado financeiro; iv) do ponto de vista das relações internacionais, as medidas neoliberais estimularam a globalização e a circulação de capital por meio da abertura econômica, fomentaram a desregulamentação de setores econômicos e a flexibilização de leis trabalhistas (Chomsky, 2018; Fortes, Pereira, Ramos, 2021).

Figura 3 | Economia e neoliberalismo
Fonte: Pixabay. (Homem Financeiro Economia - Gráfico vetorial grátis no Pixabay - Pixabay)

Por fim, v) o neoliberalismo gerou muitas críticas e resistência de movimentos sociais que evidenciaram seus efeitos negativos na sociedade, como a acentuação da desigualdade social, os impactos negativos à soberana nacional, ao meio ambiente e aos direitos humanos. Como argumentado por Cox (2007), o neoliberalismo seria uma forma de reforçar a hegemonia mundial, no sentido de que o Estado mais poderoso, ou hegêmona, se encarregaria de estabelecer acordos para manter uma hierarquia de poderes em meio às organizações internacionais. A teoria crítica destaca que em um cenário neoliberal, a Estados da periferia teriam certa dependência ou estariam subordinados aos organismos institucionais por elas responsáveis (Cox, 2007; Fortes; Pereira; Ramos, 2021).

Video Resumo

No vídeo vamos sintetizar os principais conceitos e ideias explorados nesta aula. Inicialmente discutiremos o contexto de surgimento do Welfare State, ou Estado de Bem-Estar Social, e a mudança do paradigma liberal e ascensão de políticas sociais e econômicas. Em um segundo momento, vamos discutir duas importantes instituições, como o Grupo Banco Mundial e Fundo Monetário Internacional, que surgiram com o objetivo de fomentar o desenvolvimento e equilibrar a economia mundial no pós-guerra. Por último, vamos apresentar o conceito de neoliberalismo e sua aplicação junto às organizações internacionais.

 

Saiba mais

Para complementar o estudo desta aula, você pode aprofundar seu estudo no documentário A bolsa ou A vida, de 2021, de Silvio Tendler, que discute dois conceitos relevantes desta aula, o Estado de Bem-Estar Social e o neoliberalismo. Como resumo, a obra, retrata o futuro pós-pandemia, a acumulação de riquezas pelas elites e a crescente desigualdade. O autor questiona então: como garantir a vida sem direitos sociais e trabalhistas? E seria possível manter um Estado mínimo para manter as políticas sociais? A partir dessas reflexões, Tendler destaca o desmonte do conceito de bem-estar social e a dificuldade em se compatibilizar a agenda neoliberal com o Estado de Bem-Estar Social.

Aula 5

Revisão da unidade

10 minutos

Instituições Internacionais no cenário capitalista

Olá, estudante! Nesta unidade foram apresentados conceitos importantes a respeito da Economia Política Mundial e do funcionamento do comércio internacional. Nesta revisão, para além de revisar, busca-se fixar o conhecimento a respeito das Instituições Internacionais no cenário capitalista, as relações comerciais, econômicas e o acordo de Bretton Woods. Para percorrer esse caminho, seguiremos os objetivos propostos na seção Objetivos da unidade, os quais serão resgatados e discutidos.
O primeiro objetivo proposto para esta revisão é destacar a importância do Comércio Internacional e das Relações Econômicas Internacionais. Como discutido, pode-se definir comércio internacional como uma estratégia buscada pelos países para adquirir de forma eficaz bens e serviços necessários à sua população ou à sua produção. Em outros termos, países buscam estabelecer suas relações de compra e venda no mercado internacional, o que pode contribuir para o crescimento e o desenvolvimento econômico de um país. O comércio internacional pode contribuir para comercializar o excedente da produção nacional. Um termo importante na lógica do comércio internacional é a balança de pagamentos, e o ideal é que esta seja superavitária, ou positiva, isto é, quando o volume das exportações for superior ao volume das importações.
Os estudos de comércio internacional são também investigados pelas lentes da Economia Política Internacional, EPI, campo de estudos que busca entender o papel de regras e instituições internacionais para atuarem na estabilização política e econômica.
Na economia mundial, podem existir relações comerciais extremamente desiguais, levando à concentração de riquezas e de capital. Ao longo da unidade, estudamos o conceito de capital monopolista, que se refere à ideia da concentração do capital em empresas, corporações ou atores privados que atuam de maneira globalizada, aumentando a disputa por recursos e atuação política, limitando a livre concorrência e a diversificação de preços.
Dito em outros termos, o conceito de capital monopolista está associado à elevação da desigualdade social e econômica e concentração do capital com poucas empresas, ou a adoção de práticas anticompetitivas.
Nessa dinâmica do comércio internacional existem algumas lentes teóricas que auxiliam na análise e compreensão das relações comerciais. Como proposto no objetivo 2, conhecer e distinguir as teorias: liberalismo, keynesianismo, Welfare State e neoliberalismo retoma-se brevemente estes conceitos.
No que se relaciona ao liberalismo, tem-se um modelo de economia autônoma sem intervenção estatal, que assegura o direito à propriedade privada em um cenário de livre mercado e livre concorrência no mercado. A principal característica é a não intervenção do Estado na economia e com inflação sob controle (Fiori, 1999; Fernandes, 2005). Quanto ao keynesianismo, o qual surgiu como resposta à Grande Depressão de 1929 para superar o desemprego e a recessão do período, tem-se uma proposta de um conjunto de medidas que propunham a intervenção do Estado na economia, o que seria feito por meio de investimentos públicos, políticas fiscais e monetárias com a finalidade de estimular o consumo, a geração de empregos, estabilidade dos preços e promover o crescimento econômico. Em linhas gerais, o keynesianismo destacava: i) a intervenção do Estado na economia; ii) o protecionismo alfandegário; iii) subsídios governamentais; iv) aumento dos gastos públicos (Coggiola, 2015).
Em contraposição ao keynesianismo, o neoliberalismo propunha uma teoria econômica que defende a livre iniciativa, a livre concorrência e a redução tanto da intervenção do Estado na economia como a redução das barreiras ao comércio internacional; o grande diferencial, no caso do neoliberalismo, é entender as instituições internacionais como plataformas capazes de disseminar discursos e ideias do liberalismo.
De modo distinto das teorias liberais clássica, keynesianismo e neoliberalismo, o conceito de Welfare State traz a ideia da importância dos direitos humanos e sociais, os quais passariam a ser considerados como direitos políticos que deveriam ser assegurados pelo Estado. De modo resumido, o Welfare State ou Estado de Bem-Estar Social, propunha a intervenção na economia a adoção de políticas assistenciais com a finalidade de melhorar a qualidade de vida no país e entender os serviços públicos prestados pelo Estado como um direito político do cidadão (Arretche, 1995).
As lentes teóricas utilizadas ao longo da unidade fizeram sentido em contextos históricos distintos. Retomar o contexto é uma ferramenta valiosa para entender a teoria e para pensar na sua aplicação na contemporaneidade. Assim como terceiro objetivo, busca-se destacar a importância do contexto histórico na consolidação de Instituições Internacionais a partir do acordo de Bretton Woods. Como demonstrado na unidade, um período histórico de relevância foi o Breve Século XX, como proposto por Hobsbawm, o qual seria composto por três períodos, como a Era da Catástrofe marcada principalmente pelo crash da bolsa de Nova York, a qual levou à grande Depressão econômica da década de 1930.
O segundo período, intitulado por Hobsbawm como Era de ouro, foi marcado pelo crescimento econômico, social e cultural elevado, e o desenvolvimento tecnológico acompanhado da reconstrução dos danos causados pelo pós-guerra. O último e terceiro período são definidos como Era de Decomposição, Incerteza ou Crise, o qual cronologicamente é associado dos anos 1970 a 1991, ou seja, tem como marco final a desintegração da União Soviética (URSS), a crise do petróleo na década de 1970, o questionamento à utilização de estratégias intervencionistas no mercado e o fomento de propostas econômicas mais liberalizantes.
Foi diante das mudanças político-econômicas do século XX que se consolidou o acordo de Bretton Woods, que tinha como principal objetivo incentivar a consolidação de um arranjo multilateral de comércio, o qual tinha como características: i) o princípio da nação mais favorecida, pelo qual se entende que qualquer concessão feita a um parceiro deve ser estendida aos demais; ii) o princípio da reciprocidade, o qual destaca que concessões feitas devem receber compensações satisfatórias; iii) estabeleceu o dólar americano como moeda padrão para transações comerciais internacionais; iv) criou instituições econômicas internacionais, como o Banco Mundial, o Fundo Monetário Internacional e o Acordo Geral de Tarifas do Comércio (GATTs). 
Por fim, como último objetivo a ser discutido nesta revisão, busca-se discutir as características e a importância do Banco Mundial e FMI. Embora seja denominado Banco Mundial, essa instituição faz referência a um Grupo, composto por instituições que atendem a propósitos distintos, como reconstrução, redução da pobreza, incentivo ao desenvolvimento de mercados privados, por exemplos. O principal objetivo dessa instituição é reduzir a pobreza, aumentar a prosperidade, reduzir os níveis de desigualdade e promover o desenvolvimento sustentável. A ajuda, ou empréstimos disponibilizados pelo Grupo Banco Mundial, geralmente demandam contrapartidas, o que é visto a partir das condicionalidades exigidas aos seus receptores para a utilização e alocação do recurso.
Quanto ao Fundo Monetário Internacional (FMI), essa instituição internacional atua como autoridade responsável pelo sistema monetário internacional. Como principais objetivos pode-se destacar: i) a promoção da cooperação monetária internacional; ii) a criação de estratégias para fomentar o comércio internacional; iii) o fomento de estratégias para elevar os níveis de emprego, iv); a busca para assegurar a estabilidade do sistema monetário por meio da concessão de empréstimos aos países que enfrentam problemas em suas balanças de pagamentos. 

Revisão da unidade

O Vídeo resumo traz uma síntese da unidade, construída por aulas, em que se mobilizou os principais conceitos discutidos. No primeiro bloco é discutido o conceito de economia política internacional, EPI, e os principais objetivos dessa vertente. Nesse tópico discute-se ainda o conceito de liberalismo econômico como uma teoria da EPI e a ideia de capital monopolista. No segundo bloco, é realizada a revisão de Comércio Internacional e os principais conceitos apresentados nesse tópico, como: comércio internacional contemporâneo; imperialismo e capitalismo de Estado e Relações Comerciais. O terceiro bloco da revisão de unidade, traz os conceitos e ideias relacionados às instituições de Bretton Woods, como: o capitalismo do Breve Século XX; o keynesianismo e a grande depressão; o acordo de Bretton Woods. No quarto e último bloco, são discutidas as instituições internacionais e a economia contemporânea, e conceitos como Welfare State; Banco Mundial e FMI e neoliberalismo.

 

ESTUDO DE CASO

Ao longo da unidade investigamos a importância do comércio internacional, da economia política internacional acompanhado de teorias relevantes e atuação de instituições internacionais nesse contexto. Todos esses conceitos serão relevantes para o nosso estudo de caso. Vamos pensar na aplicação desses conceitos na contemporaneidade, no contexto da pandemia de Covid-19.
A pandemia da Covid-19, ou coronavírus, a despeito de ser uma crise de saúde global, trouxe repercussões expressivas à economia global. Como destacado por Pereira (2020), “além de levar ao colapso dos sistemas nacionais de saúde, no contexto da Covid-19, a economia mundial enfrentou a mais profunda crise desde a Segunda Guerra Mundial, segundo previsões do Banco Mundial” (Pereira, 2020, p. 1).
Diante do contexto pandêmico, os países mais ricos adotaram medidas para proteger suas economias. “Em julho de 2020, líderes da União Europeia concordaram em disponibilizar 750 bilhões de euros do fundo de ajuda à região. O Congresso dos Estados Unidos, por sua vez, aprovou no final de março um pacote inédito de estímulo econômico de mais de 2 trilhões de dólares” (Pereira, 2020, p. 1). 

Figura 1 | Pandemia de Covid-19
Fonte: Pixabay. (Prevenção Vírus Homem De Negocios - Gráfico vetorial grátis no Pixabay - Pixabay)

A crise global de saúde gerou repercussões substantivas à economia mundial, acentuando de maneira severa as desigualdades entre ricos e pobres nos diferentes países do globo. Para tentar conter e equilibrar esse cenário de crise econômica, o Grupo Banco Mundial decidiu disponibilizar um pacote de ajuda à economia internacional. Em valores numéricos, em março de 2020, o Grupo Banco Mundial, decidiu disponibilizar 14 bilhões de dólares, dos quais 8 bilhões foram realizados por meio da Corporação Financeira Internacional (CFI).
Cabe ressaltar que a atuação do Banco Mundial impõe condicionalidades, como declarado pela própria instituição no ano de 2020. O financiamento terá como contrapartida a liberalização do comércio e desregulamentação dos mercados privados que atuam no setor da saúde. Essa prática é muito comum pelo Grupo Banco Mundial, sobretudo em países de baixa renda, que recorrem ao Banco Mundial devido à escassez de recursos nacionais. Junto com o recurso recebido pelo Grupo Banco Mundial, esses países geralmente recebem aconselhamento político e assistência técnica, geralmente direcionada à adoção das condicionalidades impostas pela instituição. 

Reflita

O estudo de caso apresentado visa articular o conteúdo desenvolvido nas aulas desta Unidade 3 ao contexto da pandemia de Covid-19. Embora tenha sido uma crise de saúde global, o cenário pandêmico trouxe graves repercussões à economia global. Este estudo de caso nos auxilia na compreensão da importância da Economia Política Internacional e das Instituições Internacionais para reequilibrar a economia mundial. A partir do caso apresentado e considerando o conteúdo estudado na unidade:

  • reflita sobre a importância da Economia Política Internacional no contexto da Covid-19.
  • Associe a estratégia utilizada pelos países ricos às teorias econômicas investigadas.
  • Por fim, busque compreender se a atuação do Banco Mundial está considerando políticas de bem-estar social (Welfare State) ou se prevalecem medidas neoliberais.

Resolução do Estudo de Caso

O estudo de caso apresentado traz importantes questões para você, estudante, articular os conceitos e conhecimentos adquiridos nesta unidade à realidade e aos fatos contemporâneos. Como proposto, serão abordados os cinco pontos propostos para a reflexão.
O primeiro ponto proposto para a reflexão é a importância da Economia Política Internacional, EPI, na questão da Covid-19. Como estudado na Aula 9, a EPI busca compreender como os fatores econômicos podem influenciar a política e vice-versa (Racy, 2015). No caso da pandemia de Covid-19, vimos que o fator saúde causou sérios impactos à dinâmica econômica global, fomentando ajustes nas políticas nacionais e internacionais. A coordenação de esforços e a atuação das instituições internacionais foram imprescindíveis para equilibrar e atenuar os efeitos econômicos decorrentes da crise econômica causada pela emergência em saúde global. 
O segundo ponto proposto para a reflexão consiste em associar as estratégias econômicas utilizadas pelos países ricos às teorias econômicas estudadas. Ao longo das aulas, foram apresentadas teorias como liberalismo, imperialismo, keynesianismo, Welfare State e neoliberalismo. Um primeiro aspecto relacionado a essa reflexão é a vantagem que países mais desenvolvidos auferiram no contexto da pandemia de Covid-19. Sob essa perspectiva, pode-se pensar a respeito do conceito de Imperialismo, o qual remete a questões como concentração da produção e concentração de riqueza, o que ficou particularmente em evidência na disputa por vacinas, em que a concentração de riqueza e da produção permitiu que países mais desenvolvidos tivessem acesso mais rápido aos imunizantes ou capacidade de produzir a vacina, revelando uma desigualdade em termos globais na prevenção à Covid-19.
Um segundo aspecto a ser considerado neste estudo de caso, diz respeito às estratégias de intervenção do Estado na economia, remetendo ao conjunto de ideias proposto pelo keynesianismo, como estudado na Aula 11. No contexto da Covid-19, países da União Europeia e Estados Unidos adotaram medidas intervencionistas. Dentre as medidas adotadas, estava o protecionismo à economia, a disponibilização de recursos à economia, no formato de subsídios governamentais que tinham como objetivo contornar a crise pandêmica e seus efeitos na economia.
Um terceiro ponto observado para reflexão e atuação das instituições internacionais para a recuperação da economia, como destacado na Aula 12, é que o Banco Mundial tem uma atuação importante na economia mundial para a redução da pobreza e estímulo do desenvolvimento. Como destacado pelo estudo de caso, o Grupo Banco Mundial disponibilizou ajuda financeira, sobretudo para países de baixa renda. A atuação do GBM não deve ser confundida com uma proposta única de Bem-Estar Social, Welfare State, ou de se garantir direitos sociais como acesso à saúde, por exemplo, em países de baixa renda.
A despeito do propósito de se contornar as repercussões da crise em saúde na economia global, a agenda neoliberal do GBM é predominante nas condicionalidades impostas pelo grupo aos países receptores. O incentivo à atuação do mercado privado na saúde, desregulamentação da economia e liberalização do comércio são medidas neoliberais fomentadas como contrapartida para os receptores da ajuda financeira, o que destaca o viés neoliberal das ações propostas pela instituição. 

 

Resumo Visual

Resumo da Unidade 3: Capitalismo e Instituições Internacionais

referências

10 minutos

Aula 1

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Aula 2

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Aula 4

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Aula 5

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Imagem de capa: Storyset e ShutterStock.