introdução
Esta aula abordará o gerenciamento dos riscos em RM, como acidentes envolvendo campo magnético, radiofrequência, falha humana; condição insegura e ato inseguro, claustrofobia, sedação, uso de contraste; paciente com insuficiência renal e administração de contraste, falta de treinamento do staff de RM. A disciplina é de vital importância para a formação de um tecnólogo em radiologia, pois trata-se de conhecer técnicas de exames da ressonância magnética que são muito utilizadas no diagnóstico de diversas doenças atualmente. Apesar de não usar radiação ionizante, a RM pode apresentar situações de risco, pois quaisquer objetos ferromagnéticos podem interagir com o campo magnético e provocar sérios acidentes.
Vamos aprofundar nossos conhecimentos e aprender mais a respeito de RM. Bons estudos!
Gerenciamento dos riscos em RM
Estudante, apesar do processo de obtenção de imagens em RM não utilizar radiação ionizante e o método ser considerado bastante seguro, existem riscos associados à realização dos exames e ao ambiente de RM que podem provocar acidentes graves, associados à morte de pacientes, indivíduos do público e de profissionais da área.
Não há dados que explicitem danos biológicos importantes provocados pela exposição à RM, seja pelo campo magnético estático ou pelos gradientes de campos. A maior parte dos acidentes relatados em RM está relacionada ao campo magnético estático do equipamento, entretanto, há outras fontes de risco, como os gradientes de campo magnético, a RF (Radiofrequência), os meios de contraste à base de gadolínio e os criogênicos (hélio líquido), que também oferecem riscos e devem ser sempre levados em consideração em uma análise criteriosa de segurança em RM.
A maior preocupação com segurança em RM resulta da interação dos campos magnéticos com tecidos do corpo humano e objetos metálicos ou ferromagnéticos. Podemos iniciar falando do risco potencial de projéteis, pois um objeto metálico – como uma chave inglesa – pode ser suspenso no ar pela ação do campo magnético à medida que é fortemente atraído na direção do magneto. Assim, é necessário um controle rigoroso que impeça a entrada de qualquer material ferromagnético na sala de exames de RM.
Esse controle fica evidente quando falamos do questionário de segurança que é preenchido pelo paciente na recepção quando vai marcar o exame de RM, e que é repassado por um profissional na antessala, antes de o paciente entrar para fazer o exame. Esse questionário tenta identificar se o paciente tem alguma contraindicação absoluta para RM, como marcapassos, clipes ferromagnéticos para aneurismas, fragmentos metálicos no olho, implantes cocleares, prótese valvar cardíaca Starr Edwards (modelo pré-6000), bombas internas de infusão de drogas, neuroestimuladores e estimuladores de crescimento ósseo, entre outros.
Cada pessoa envolvida na programação e preparo do paciente em RM desempenha um papel fundamental para a realização de um exame seguro e bem-sucedido. Um formulário com as explicações de como será realizado o exame pode ser fornecido ao paciente a fim de tranquilizá-lo e ganhar sua confiança. Isso é importante, pois quanto mais relaxado estiver o paciente durante o exame, maior a probabilidade de o exame ser bem-sucedido.
Deve-se permitir tempo suficiente para inquirir a respeito da história do paciente, explicar o exame detalhadamente, remover todos os objetos metálicos e assegurar que o paciente esteja confortável durante o exame. A seguir, citamos informações que devem ser dadas aos pacientes durante o preparo para o exame de RM:
- Descrição sucinta de como o scanner de RM funciona.
- Importância de ficar imóvel durante o exame.
- Barulho que eles vão ouvir, como parte da rotina do exame.
- Tempo que a sequência vai durar.
- Sistema de comunicação que existe entre operador e paciente.
- Ausência de radiação ionizante.
- Importância de remover todos os objetos metálicos.
Observação: algumas sequências de pulso geram um ruído de volume muito alto, que está associado ao uso do gradiente. O paciente deve ser informado a esse respeito, e será necessária a proteção do ouvido com o uso de protetores auriculares e abafadores de som.

Condição insegura e ato inseguro, claustrofobia, sedação, uso de contraste
Caro estudante, o interior do gantry, por ser um espaço estreito e confinado, pode causar ansiedade e acabar por desencadear claustrofobia em alguns pacientes. Várias medidas podem ser tomadas para evitar essa situação, como música e técnicas de relaxamento; orientação para que os pacientes fechem os olhos e pensem em um ambiente livre e ventilado; uso de equipamentos humanizados, com céu estrelado, por exemplo; mover o paciente lentamente pelo magneto; uso de espelhos que permitam ao paciente visualizar o ambiente fora do magneto. Enfim, não é aconselhável falar a respeito de claustrofobia, entretanto, o tecnólogo deve estar preparado para lidar com a situação, caso ela aconteça.
Em algumas situações poderá ser necessária a sedação do paciente, todavia, isso encarece e aumenta a complexidade para a realização do exame de RM, pois o paciente tem que ser monitorizado atentamente caso seja sedado, e não pode ser autorizado a viajar sozinho para casa após sedação.
O uso do contraste também é uma situação que precisa ser controlada em RM. Os agentes de contraste à base de gadolínio, que são usados em RM, são muito mais seguros que o contraste iodado, entretanto, existem complicações que devem ser reconhecidas, para orientação e tratamento adequados. A incidência de reações adversas aos meios de contraste em RM varia entre 2% e 4%, e casos de reações adversas agudas maiores ao gadolínio, como laringoespasmo e choque anafilático, são consideradas raras.


O efeito desejado e o mais importante do contraste gadolínio como meio de contraste para RM é a redução do tempo de relaxamento T1 e T2 dos prótons de água nos tecidos em que se encontra o composto. É importante observar que as imagens de RM não mostram o gadolínio propriamente dito, e sim, seu efeito paramagnético sobre os tecidos ao seu redor. De maneira geral, o gadolínio acelera o ritmo com que os prótons de água se alinham com o campo magnético principal, e isso resulta em maior sinal de RM e em contraste mais alto, especialmente em áreas nas quais o gadolínio cruza a barreira hematoencefálica.
O gadolínio-DTPA é aplicado em dose de 0,2 ml/kg, com a velocidade de injeção não excedendo a 10 ml/min. A injeção pode ser seguida por um flush de solução salina. O paciente pode experimentar uma sensação no local da injeção, e deve ser observado durante e após a injeção quanto a possíveis reações. O gadolínio tem uma toxidade mais baixa e tem menos efeitos colaterais do que o contraste iodado.
O gadolínio melhora a visualização de tumores pequenos e de tumores isointensos com o encéfalo normal.

Paciente com insuficiência renal e administração de contraste, falta de treinamento do staff de RM
Caro estudante, a principal via de excreção dos agentes de contraste são os rins, portanto, a insuficiência renal é uma contraindicação ao uso de contraste em RM. A gravidez também pode ser uma contraindicação ao uso de gadolínio-DTPA.
O agente de contraste permanece confinado intravascularmente por um período, a não ser que a barreira hematoencefálica tenha sido danificada por processos patológicos. O gadolínio é geralmente usado em sequências de pulso T1.
Esse contraste frequentemente ajuda a diferenciar doenças primárias (tumores) de efeitos secundários (edema). Além disso, ele ajuda na avaliação de metástases, infecções, processos inflamatórios e infartos cerebrais subagudos. Na coluna vertebral, o gadolínio-DTPA aumenta a sensibilidade na detecção de tumores primários e secundários, e pode ajudar a diferenciar fibrose de doença discal recorrente na coluna pós-operatória.
A falta de treinamento em trabalhadores que trabalham e circulam em ambientes físicos de RM pode levar a graves acidentes, dos quais podemos citar:
- Deslocamento de um depósito de ferro no olho de um paciente durante a RM resultou em perda de visão (em 8 de janeiro de 1985).
- Dois dentes de aço de uma empilhadeira, pesando 80 kg cada, foram acelerados pelo imã, acertando um técnico e derrubando-o, resultando em ferimentos graves (em 5 de junho de 1986)
- Um paciente com uma bomba de infusão de insulina foi colocado em um ambiente de RM, o que causou a movimentação do dispositivo. A bomba foi removida do paciente e, posteriormente, verificou-se que o dispositivo não era compatível com o ambiente de RM (em 13 de janeiro de 1988).
- Um paciente com um clipe de aneurisma intracraniano implantado morreu por causa de um exame de RM (em 11de novembro de 1992).
- Um paciente com um marcapasso cardíaco implantado morreu durante um exame de RM (em 2 de dezembro de 1992).
- Uma tesoura foi puxada das mãos de um enfermeiro quando ele entrou na sala de RM, causando um corte na cabeça de um paciente (em 2 de agosto de 1993).
- Paciente teve seu braço cortado por um objeto que foi atraído pelo imã (em 30 de agosto de 1994).
- Em setembro de 2014, uma mulher indiana sofreu graves ferimentos no rosto e cabeça dentro do equipamento de RM, em Chhattisgarh, na Índia. Ela terminou a RM de coluna (que estava fraturada) e precisava de ajuda para sair do equipamento. Os operadores deixaram a sala e pediram para o esposo retirar a paciente do aparelho. Ele pegou uma maca e entrou para isso. Ocorre que a maca foi atraída pelo campo, atingiu a mulher na cabeça, fraturando seu queixo e crânio, e deixando-a presa ao gantry da máquina. (BONTRAGER, K. L.; LAMPIGNANO, J. P. 2015. 95 p.)
Pelos casos citados fica evidente que todos os trabalhadores que levam pacientes para a RM (enfermagem, maqueiros etc.), que fazem higienização da sala, que trabalham na recepção e trabalham no setor propriamente dito, enfim, todos os profissionais que circulam no ambiente da RM, necessitam receber treinamento de segurança para esse ambiente.

Vídeo Resumo
A seguir apresentaremos um vídeo que aborda pontos importantes de segurança em RM, para fixação de temas importantes da disciplina, como gerenciamento dos riscos em RM (acidentes envolvendo campo magnético, radiofrequência), condição insegura e ato inseguro, claustrofobia, sedação, uso de contraste, paciente com insuficiência renal e administração de contraste, falta de treinamento do staff de RM.
Saiba mais
Estudante, convidamos você a conhecer um pouco mais a respeito de segurança em ressonância magnética no artigo indicado a seguir, com o objetivo de se familiarizar mais com os ambientes e as técnicas de nossa área de atuação. “Complicações do uso intravenoso de agentes de contraste à base de gadolínio para ressonância magnética”.