introdução
Caro aluno, seja bem-vindo!
Daremos início à Aula 6 da Unidade 2, referente à disciplina de Radiologia Veterinária.
Nessa aula, você degustará de informações sobre os tipos de posicionamento equipamento-paciente para exames de RX em pequenos animais, discutindo sobre a escolha ideal do tipo de aparelho; na sequência, sobre as técnicas utilizadas para realizar o cálculo de kV e mAs e, para finalizar a aula, sobre as técnicas radiográficas e a obtenção de imagens de qualidade, como também a utilização de alguns aparelhos e apetrechos que ajudarão na escolha e no aperfeiçoamento da técnica que será utilizada.
Equipamento-paciente para exames de RX
A escolha do tipo de equipamento a se utilizar deve ser feita através da análise da necessidade, do número e tipo de atendimento e do grau de tecnologia que é desejado. Os aparelhos móveis, portáteis e fixos são tipos básicos de equipamentos de raio X. A demanda de casos deve ser considerada como baixo volume, médio volume e alto volume e influenciará na escolha da aquisição do aparelho. Para um número de casos de baixo volume (dois casos semanais) e com maior número de radiografias de extremidades de grandes animais, é indicada a unidade portátil; já para a prática de médio volume (3 a 15 casos semanais), as unidades móveis podem ser consideradas; para a prática de alto volume, é indicada a unidade fixa (HAN; HURD, 2007)
A unidade portátil pode ser carregada até o animal. Seu principal uso está voltado para a radiografia de extremidades de grandes animais, podendo ser utilizada em pequenos animais em alguns casos. Aparelhos móveis são restritos ao ambiente hospitalar, sendo possível mover entre salas e consultórios e tem versatilidade suficiente para serem utilizados em pequenos animais e para extremidades de grandes animais. A unidade fixa possui aparelhos instalados em sala com proteção adequada e têm seu uso prático na clínica médica de pequenos animais (HAN; HURD, 2007).
Os aparelhos podem ser dotados de sistema analógico ou digital. Para o processamento das imagens analógicas, é necessário equipamento específico (câmara escura, tanques com produtos químicos e filme radiográfico). A imagem é formada a partir da sensibilização dos cristais de prata presentes no filme radiográfico pela radiação, dando origem à imagem latente que é reduzida para prata-preto-metálica em contato com o fixador. Os sistemas de radiografia digital são divididos genericamente como radiografia computadorizada (CR) e radiografia digital direta (DDR) (THRALL, 2010; MELO, 2009).
A radiografia computadorizada usa um cassete revestido por fósforo fotoestimulável (PSP), o qual, após sua exposição à radiação, produz uma imagem latente que será estimulada por um laser de escaneamento. É preciso que se faça a utilização de um leitor da imagem nos dispositivos de CR, responsável por fazer a conversão do sinal luminoso em eletrônico. A radiografia digital direta (DDR) se subdivide em três tipos: sistema com detector de tela plana indireta, sistema com detector de tela plana indireta e dispositivo de carga acoplada. Os detectores de tela plana indireta são assim nomeados pois necessitam de um estímulo luminoso visível para a formação da imagem, que serão processados da tela intensificadora para sinal eletrônico, lidos por uma matriz de transistores e se transforma em arquivo eletrônico (THRALL, 2010; MELO, 2009; SILVA, 2013).
Detectores de tela plana diretos não possuem luz visível como etapa intermediária, são dotados de fotocondutor (selênio amorfo), que a partir da incidência dos raios X coletam os elétrons liberados, formando uma carga que será lida diretamente pela matriz, processada pelo sistema e transformada em arquivo eletrônico. Dispositivos de carga acoplado possuem chips, em que é focalizada toda a luz incidida pela tela intensificadora, sendo assim, a qualidade da imagem dependerá da capacidade de focalização e de coleta de luz, podendo gerar distorções e degradação da imagem. É mais utilizada em seres humanos para a radiografia de pequenas áreas (THRALL, 2010; MELO, 2009; SILVA, 2013).

Cálculos de Kv, mAs e técnicas radiográficas
No estudo da radiologia, as variáveis de exposição são de suma importância para o controle de contraste, densidade e detalhes radiográficos. Qualquer mudança em qualquer uma destas variáveis demanda no ajuste (aumento ou decréscimo) em outros fatores, para que se mantenha a densidade radiográfica. O ajuste é feito através do painel de controle e é imprescindível que se conheçam as técnicas de posicionamento e manipulação do equipamento (SILVA, 2016; THRALL, 2010).
A quilovoltagem (Kv) é o poder de penetração do raio X, sendo influenciada pela energia dos elétrons ao atingirem o alvo. É responsável pelo controle de qualidade dos raios produzidos e está relacionada a fatores, como espessura e densidade da estrutura a ser radiografada, distância foco-filme (DFF) e distância foco-objeto (DFO). O ajuste será feito de acordo com a espessura do local a ser radiografado, desta forma, quanto mais espesso o local, maior a necessidade de ajuste do Kv. Para se ter uma medida mais exata da espessura da região, usa-se o espessômetro (paquímetro) (SILVA, 2013; HAN; HURD, 2007). No cálculo da quilovoltagem, faz-se uso da seguinte fórmula: Kv = 2 x E + K, em que E representa a espessura da estrutura a ser radiografada, e K, a constante do aparelho.
A miliamperagem (mA) pode ser definida como a quantidade de elétrons produzidos (quantidade de radiação produzida na ampola) e designa a quantidade de elétrons gerados no filamento do cátodo, portanto há o aumento da densidade radiográfica ao aumentar a mA. O foco fino e o foco grosso se definem a partir da espessura do alvo de tungstênio e auxiliam na formação dos detalhes da imagem. O tempo (s) está ligado ao mA e corresponde ao intervalo de duração em que os raio X são produzidos, controlando o número de raios gerados a cada exposição. Quanto maior este tempo de exposição, maior será a quantidade de raios produzidos. O tempo e o mA são inversamente proporcionais, deste modo, quanto maior o tempo de exposição, menor a miliamperagem. O produto destas grandezas resulta na miliamperagem/segundo (mAs), sendo preferível a utilização de maior mA e menor tempo de exposição (SILVA, 2016; SILVA, 2013; HAN; HURD, 2007). A mAs pode ser calculada através da seguinte equação: mAs = Kv x CM, em que Kv se refere à quilovoltagem, e CM, ao coeficiente miliamperimétrico.
O coeficiente miliamperimétrico é um fator variável de acordo com a densidade do tecido a ser radiografado, sendo definidos valores a serem utilizados em cada estrutura (abdome, tórax, coluna) (SILVA, 2013).


A Figura 3 representa um espessômetro radiográfico, utilizado para medir a espessura da cavidade abdominal de um caprino jovem, macho, com suspeita de ter ingerido corpo estranho.
Obtenção da qualidade radiográfica
As imagens radiográficas tradicionalmente são formadas pela exposição dos cristais de prata presentes nos filmes à radiação. Porém, nas últimas décadas, mostrou-se prática e necessária a produção de imagens digitais. Radiografias feitas com tela intensificadora e filme, apesar de ainda serem muito utilizadas na Medicina Veterinária, tendem a cair em desuso com o avanço da radiografia digital e o uso de aparelhos mais sofisticados (THRALL, 2010).
Na radiografia computadorizada (CR), diferentemente da radiografia convencional, ao invés da utilização de chassis com filmes radiográficos, faz-se o uso de lâminas de imagem (placas de fósforo), sendo necessário um leitor de lâmina de imagem, para que seja feita a amplificação do sinal pelo fotomultiplicador/detector, permitindo que o sinal analógico se torne digital e seja armazenado em um computador. Já o sistema de radiografia digital (DR) é o mais moderno e se divide em: conversão direta (detectores tem alta capacidade de absorção e conversão de raios X) e conversão indireta (possui cintilador responsável pela conversão dos raios X em fótons de luz) e o sensor transmite a imagem diretamente para a tela do computador, sem a necessidade da utilização de placa (SILVA, 2016; THRALL, 2010).
Diversos fatores são responsáveis por afetar a qualidade da imagem radiográfica, os quais podem ser causados pelo paciente, pela regulação do aparelho radiográfico ou pela inabilidade de uso das técnicas radiográficas. O movimento (do filme ou do paciente) tem como consequência a perda do detalhe radiográfico, provocando um “borramento”. Outra causa de perda de detalhes é o efeito penumbra, que promove o embaçamento das estruturas a serem avaliadas. Existem três fatores principais que interferem na quantidade de penumbra na radiografia: tamanho do ponto focal, distância foco-filme (DFF) e distância filme-objeto (DFO) (HAN; HURD, 2007; SILVA, 2016; KEALY; MCALLISTER; GRAHAM, 2012).
O efeito penumbra é diretamente proporcional ao tamanho do ponto focal, sendo assim, quanto maior o ponto focal, maior o efeito penumbra. A distância foco-filme (distância entre o alvo e o filme) é inversamente proporcional à penumbra, uma vez que, quando há o aumento da DFF, é observada a diminuição do efeito penumbra. À relação entre a DFF e a penumbra, aplica-se a lei do quadrado do inverso (dobrando a DFF, aumenta-se a mA em quatro vezes, com o intuito de manter a densidade radiográfica). A distância filme-objeto é a distância entre o filme e a estrutura a ser radiografada, sendo que, ao diminui-la, diminui-se também o efeito penumbra (HAN; HURD, 2007; SILVA, 2016; KEALY; MCALLISTER; GRAHAM, 2012).
A distorção acontece quando não é possível avaliar devidamente as estruturas anatômicas em seu formato e tamanho. Pode ser causada pelo mau posicionamento da fonte de radiação ou do paciente. A principal alteração observada na distorção é o encurtamento, em que a distorção gerada causa redução do comprimento da estrutura (geralmente, ossos longos), ocorrendo quando a estrutura a ser radiografada não está paralela à superfície de gravação da imagem (HAN; HURD, 2007; KEALY; MCALLISTER; GRAHAM, 2012).

A Figura 4 representa uma magnificação, na qual o mesmo crânio é utilizado nas duas imagens. O crânio colocado diretamente no chassi (A) e o crânio elevado 25 cm e se apresenta maior com detalhes reduzidos (B).
Vídeo Resumo
Caro aluno, iniciaremos a nossa segunda videoaula da Unidade 2, na qual abordaremos os principais assuntos trabalhados na Aula 6.
Começaremos falando sobre os tipos de posicionamento equipamento-paciente para exames de RX em pequenos animais; na sequência, abordaremos sobre as técnicas utilizadas para realizar o cálculo de kV e mAs; concluiremos a aula comentando e discutindo sobre técnicas radiográficas e obtenção de imagens de qualidade.
Saiba mais
Para complementação de nossa aula, lhe indico o artigo: Descrição das técnicas radiográficas intraorais utilizadas na Medicina Veterinária.
Este material complementar apresenta as técnicas radiográficas utilizadas para as radiografias intraorais focadas na radiologia veterinária de felinos e caninos.