introdução
Olá, estudante!
O conceito de qualidade é amplo e vem evoluindo com o tempo. O conceito mais aplicado é o de que qualidade está relacionada à satisfação das necessidades e expectativas dos clientes, agregando valor aos produtos oferecidos. Nesta aula você aprenderá os principais conceitos relacionados à qualidade, os princípios que baseiam a qualidade total nas organizações e quais os custos associados à qualidade e à não qualidade.
Entender os conceitos principais sobre qualidade é fundamental para que os processos produtivos sejam gerenciados eficazmente. A eficácia está ligada a fazer as coisas certas.
Portanto, utilize este conteúdo e aprofunde seus conhecimentos sobre conceitos iniciais e fundamentais sobre qualidade.
Bons estudos!
Introdução aos conceitos de qualidade
O termo “qualidade” é amplamente adotado na promoção de produtos e serviços e, em contexto não profissional, não há limitação de aplicação. Pode-se associar à qualidade de um celular ao fabricante, ao preço do produto, a suas funcionalidades ou até mesmo à durabilidade e à usabilidade do aparelho. No entendimento profissional, a qualidade pode ser definida como “grau em que um conjunto de características inerentes de um objeto satisfaz requisitos” (ABNT, 2015).
Essa definição traduz qualidade como a satisfação dos clientes e outras partes interessadas, que inclui as necessidades declaradas e não declaradas dos clientes, podendo se referir a produtos, serviços, pessoas, processos ou recursos.
É importante dizer que esse conceito da qualidade em “satisfazer os requisitos dos clientes” nem sempre foi o mesmo, mas os conceitos evoluíram. David Garvin (1992 apud Toledo et al., 2017) conceituou essa evolução como as “eras da qualidade”.
Eras da qualidade
Inicialmente, o conceito de qualidade era relacionado à inspeção, na qual especialistas da qualidade inspecionavam 100% dos produtos acabados, gerando altos custos de remanufatura e refugos, período que, de acordo com Garvin, ficou definido como “era da inspeção da qualidade”. O conceito evoluiu para a “era do controle da qualidade do processo” no qual se iniciaram as inspeções intermediárias e a implementação de controles estatísticos da qualidade mediante a inspeção por amostragem. Em seguida, surgem a “era da garantia” e a “era do gerenciamento estratégico da qualidade”, que tinham como objetivo garantir a qualidade dos produtos e dos processos através do gerenciamento de todos os processos que influenciam na qualidade do produto final (Toledo et al., 2017, p. 21). O Quadro 1 apresenta resumidamente as características das eras da qualidade.

A última era da qualidade está relacionada à prática da qualidade gerenciada e sistematizada em sua totalidade, envolvendo todos os integrantes da organização e da cadeia produtiva. Os sistemas de gestão da qualidade, amplamente implantados nas empresas, têm o objetivo de “garantir e melhorar a qualidade esperada pelo cliente/consumidor, por meio de métodos e ferramentas que façam com que essa qualidade seja alcançada e melhorada” (TOLEDO et al., 2017, p. 39). Os autores também abordam que os sistemas de gestão da qualidade (SGQ) podem reduzir custos da qualidade com a eliminação dos custos evitáveis e minimização dos custos inevitáveis dos processos produtivos.
Gurus da qualidade
Alguns profissionais e estudiosos com expertise na área da qualidade, também conhecidos como gurus da qualidade, contribuíram para a formação das teorias da gestão da qualidade bastante difundidas e aplicadas atualmente. Deming, Juran, Ishikawa, Crosby, Feigenbaum são personalidades importantes para a conceituação da qualidade e desenvolvimento de ferramentas, metodologias e princípios.
Veja, resumidamente, alguns pontos comuns entre os gurus para gestão da qualidade (TOLEDO et al. 2017):
• Garantir o comprometimento da alta direção para a qualidade e sua melhoria.
• Elaborar e implementar políticas de melhoria contínua.
• Investir em treinamentos, capacitações e desenvolvimento das pessoas em todos os níveis organizacionais.
• Padronizar procedimentos de trabalho para os processos.
• Criar o envolvimento e participação das pessoas na resolução de problemas.
• Integrar os níveis horizontais e os níveis verticais da organização.
• Valorizar e focar nos objetivos.
Durante sua atuação profissional, todos esses entendimentos serão úteis, visto que gerenciar a qualidade em sua totalidade é fundamental para garantir o bom funcionamento de uma organização.
Saiba mais
Quer se aprofundar nas contribuições dos gurus da qualidade? Conheça um pouco mais sobre as contribuições de Juran, Feigenbaum, Deming e Ishikawa com a leitura do capítulo 1: A evolução do conceito e da prática da gestão da qualidade (p. 15-19) do livro Gestão da Qualidade - Conceitos e Técnicas.
videoaula: Introdução aos conceitos de qualidade
A literatura traz diversos conceitos sobre qualidade. O autor David Garvin (1992) aborda a qualidade em seus principais enfoques. O vídeo nos permite conhecer um pouco sobre cada um deles.
Videoaula: Introdução aos conceitos de qualidade
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Os princípios e controle de qualidade total
O controle da qualidade total, ou TQC – Total Quality Control, conforme definido por Werkema (2021), é um sistema gerencial que engloba todos os setores e todos os empregados de uma empresa para que se alcance o controle da qualidade, ou seja, envolve todos da empresa, sejam diretores, gerentes ou operários, para trabalharem juntos. Ao praticar o controle da qualidade, as organizações desenvolvem, projetam, produzem e comercializam um produto de qualidade, mais econômico, útil e sempre satisfatório para o cliente (ISHIKAWA, 1989 apud Werkema, 2021).
Para gerenciar a qualidade total, as organizações baseiam-se em alguns princípios, como:
• Foco no cliente.
• Melhoria contínua.
• Engajamento das pessoas.
• Liderança.
• Tomada de decisões baseadas em fatos.
• Abordagem por processos.
• Gestão dos relacionamentos.
Exemplificando
Um controle da qualidade total em uma montadora de automóveis vai desde a cadeia de integração dos fornecedores, passa pelo projeto do veículo, a manufatura em si, até canais de venda e pós-venda. Todos os setores estão envolvidos para que todas as etapas de desenvolvimento até a comercialização do veículo sejam realizadas de acordo com os requisitos dos clientes.
Trazendo esse contexto, um veículo e qualquer outro produto ou serviço é considerado de qualidade quando “atende perfeitamente, de forma confiável, de forma acessível, de forma segura e no tempo certo às necessidades do cliente” (CAMPOS, 1992, p. 220). Será que o veículo de qualidade é aquele projetado com os melhores componentes e produzido sem nenhum defeito, mas com valor de mercado três vezes maior que do concorrente da mesma categoria? Ou ofertar um veículo com um preço bem menor, mas que oferece pior desempenho ou que não seja tão seguro é apresentar qualidade?
Resumidamente, o Quadro 2 apresenta componentes ou dimensões que geram o conceito de qualidade total.

• A qualidade refere-se às características específicas dos produtos, seja um bem ou serviço, que define a capacidade de promover a satisfação do cliente. É caracterizada como qualidade intrínseca, ou seja, inerente ao produto.
• O custo é relativo à fabricação do produto (bens ou serviços), que também é chamado de custo operacional que envolve, por exemplo, manutenção, produção, venda, logística e treinamentos. Para fabricar um veículo, a montadora terá o custo para projetar e manufaturar, e esse veículo será ofertado no mercado por um preço que dependerá de fatores, como, por exemplo, o valor agregado do produto.
• A entrega corresponde a como o produto será entregue, sendo necessariamente na quantidade, data e local corretos.
• A dimensão moral é voltada ao nível de satisfação dos empregados das organizações. Como os produtos são produzidos por equipes de pessoas, o ambiente de trabalho precisa ser favorável para que haja uma produção de boa qualidade, capaz de garantir o atendimento das necessidades do cliente (WERKEMA, 2021).
• Por fim, a dimensão segurança refere-se ao quão seguro é o trabalho a ser executado para que não provoque acidentes aos operadores, como também para que os produtos que estão sendo desenvolvidos transmitam confiabilidade e segurança aos usuários.
Os princípios e as dimensões da qualidade formam o pilar da qualidade total das organizações. Na era atual, a qualidade já não é mais um diferencial de sucesso, mas um fator determinante para que as empresas permaneçam no mercado.
Videoaula: Os princípios e controle de qualidade total
Como vimos, as organizações precisam se basear em princípios para que a qualidade total seja efetiva. O vídeo nos permite aprofundar os conhecimentos nesses princípios.
Videoaula: Os princípios e controle de qualidade total
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Custo da qualidade
Quando falamos em gestão da qualidade no nível das operações da produção, estamos objetivando a melhoria, ao atender aos requisitos dos clientes, mas, ao mesmo tempo, visamos também a redução dos custos da não qualidade. Um grande desafio das organizações é aumentar a produtividade, garantir a qualidade e reduzir os custos.
Saiba mais
Em um restaurante, os gerentes podem aumentar a capacidade produtiva de fornecimento diário das refeições, mas, se a qualidade das refeições não for mantida, aumentará o índice de reclamações, perda de clientes, desperdício de alimentos e vários outros fatores, que acarretam custo da não qualidade.
Conforme Carpinetti (2016, p. 24) “a gestão da qualidade implica em investimentos, a análise do custo versus benefício de um investimento também deve ser um fator a ser ponderado nas decisões relacionadas à melhoria de resultados e redução dos custos da não qualidade”. Será que, no caso do restaurante, os administradores poderiam contratar novos cozinheiros, e o custo da contração traria maior benefício do que o desperdício gerado das refeições não serem preparadas com os padrões estabelecidos de qualidade?
Os custos de qualidade estão associados a falhas na produção, e essas falhas podem levar a retrabalhos, desperdícios e perda de produtividade (JURAN, 1991). Na prática nos processos produtivos isso é conhecido como “fazer certo da primeira vez”. Esse conceito era defendido por Crosby, pois, segundo ele, a qualidade não gera custos e sim investimentos com retornos assegurados. O que custa, na verdade, é a causa da não qualidade (CROSBY, 1994 apud Toledo, 2002).
Para explicar os custos da qualidade, veja a Figura 1.

Os custos de qualidade podem estar relacionados aos custos do controle ou custos da qualidade, que englobam custos referentes à prevenção e custos de avaliação. E os custos de falhas no controle ou custos da não qualidade englobam os custos das falhas internas e os custos das falhas externas.
• Os custos de prevenção são decorrentes de atividades necessárias que reduzem ao máximo a ocorrência de falhas internas ou externas, como, por exemplo, custos com treinamentos a serem aplicados para capacitar os operários para um novo processo produtivo.
• Os custos de avaliação são aqueles decorrentes de atividades necessárias para verificar se os produtos foram produzidos em conformidade com os requisitos de qualidade.
Um exemplo são os custos com teste de funcionalidade do componente no final da linha de produção.
• Os custos das falhas internas estão associados a defeitos internos, ou seja, defeitos ocorridos na manufatura do produto e\ou antes da entrega do produto ao consumidor final. Custos de retrabalho de produtos não conformes do processo produtivo são exemplos.
• Os custos de falhas externas estão associados a defeitos externos, ou seja, os defeitos foram identificados pelo consumidor final. São, por exemplo, custos de assistência técnica para reparar um produto com defeito.
Um dos gurus da qualidade, o Juran, considera os custos provenientes dos custos da não qualidade (custos com falhas internas e externas) como “ouro da mina”, um caminho essencial para reduzir os custos da produção (TOLEDO, 2002). Dessa forma, você poderá investir os conceitos de melhorias contínuas dos processos para reduzir esses custos.
Saiba mais
Para conhecer, na prática, os conceitos de custo da qualidade, veja este artigo, que traz um estudo de caso para avaliar os custos de qualidade e da não qualidade em uma indústria.
videoaula: Custo da qualidade
Para entender um pouco mais sobre os “custos da qualidade”, o vídeo aborda as categorias dos custos: prevenção, avaliação, falhas internas e externas, aprofundando-se em alguns elementos e os custos associados.
Videoaula: Custo da qualidade
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Estudo de caso
Estudante, para contextualizar sua aprendizagem, analise a situação a seguir e proponha uma solução.
Uma estética automotiva de médio porte que presta serviços de limpeza e cuidados em veículos tem como principal objetivo proporcionar aos clientes serviços diferenciados, como a lavagem externa detalhada, com a aplicação de produtos especiais e a limpeza interna, que remove qualquer tipo de manchas e impurezas, até aquelas mais difíceis. O tempo médio de lavagem de um veículo é de 40 minutos, e a empresa conta com uma capacidade produtiva de 576 lavangens mensais.
A fim de identificar os custos relacionados à qualidade, você, como gerente da estética automotiva, mapeou algumas falhas potenciais:
• Danificações na pintura durante a utilização de esponjas e/ou outros materiais.
• Utilização excessiva de matéria prima (detergente; desengraxante; esponjas; água).
• Demora para a lavagem do veículo, gerando insatisfação ou desistência do cliente.
• Manchas na pintura, não remoção completa dos insumos do veículo (devido ao tipo de material utilizado).
• Não realização da limpeza corretamente.
• Excesso de utilização de produtos no interior do veículo (cheiro forte).
• Quebra/falha de funcionamento nos equipamentos para limpeza do veículo (xampuzeira, extratora, compressor).
Especifique os custos de qualidade para prevenção, avaliação, falhas internas e externas da estética automotiva.
Resolução do Estudo de Caso
Você, como gerente, precisa se preocupar em mapear as falhas e identificar quais os custos de qualidade e da não qualidade para prevenir ou corrigir essas falhas.
No contexto da estética automotiva, citamos alguns custos para prevenção e avaliação, e os custos para correção das falhas externas e internas.
Custos de prevenção
• Planejamento para a qualidade na prestação do serviço: elaboração de instruções para realização dos serviços, para garantir a padronização das atividades.
• Treinamentos: realização de treinamentos para garantir que os funcionários executem as operações de acordo com as instruções de trabalho.
• Manutenção preventiva: realização de manutenções preventivas para garantir a confiabilidade dos equipamentos, reduzindo ou impedindo que ocorram falhas.
• Critérios e especificações dos produtos/e do serviço: aquisição de matéria-prima dentro do padrão de qualidade da empresa e entrevista do padrão de lavagem.
Custo de avaliação
• Verificação e validação do serviço: elaboração de ficha de inspeção final do veículo.
Custo de falhas internas
• Perda de material e de serviços: otimização das atividades; análise de tempos e movimentos das operações.
• Correção, retrabalhos: execução de correções nas lavagens que apresentam defeitos na inspeção final.
Custo de falhas externas
• Processamento de reclamações de clientes: disponibilizar um formulário para colher informações sobre o serviço prestado, utilizando-o para análises de resultado de satisfação.
Esperamos que esses exemplos auxiliem no entendimento sobre os custos de qualidade e de não qualidade de uma empresa. Bons estudos!
Resolução do Estudo de Caso
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