• Funções polinomiais, trigonométricas, exponenciais e logarítmicas.
• Conceito de limite e limites fundamentais.
• Conceito de derivada e derivadas de funções polinomiais, exponenciais, logarítmicas e trigonométricas.
• Derivada da soma, do produto, do quociente e regra da cadeia.
O desenvolvimento do Cálculo no século XVII por Newton e Leibniz propiciou aos cientistas da época, as primeiras noções sobre "taxa de variação instantânea", tal como ocorre com a velocidade ou a aceleração. Esse conceito influenciou os métodos computacionais e os conhecimentos sobre Cálculo que se desenvolveram a partir do conceito de limites. Nessa aula estudaremos as diferentes funções apresentando seus conceitos, suas propriedades e exemplos. Todo desenvolvimento de cálculo está baseado no estudo de funções.
O estudo das funções, permite a você aluno adquirir a linguagem algébrica como a linguagem das ciências. Esta linguagem se faz necessária para expressar a relação entre grandezas e modelar situações-problema, construir modelos descritivos de fenômenos e permitir várias conexões dentro e fora da própria Matemática. O estudo de limites e derivada são muito importantes para a compreensão do Cálculo. Vamos então estudar o conceito e de limites, assim como o conceito de derivada e algumas regras de derivação.
Definindo uma função: Função é uma relação. Utilizando dois conjuntos A e B, a relação entre eles será uma função se todo elemento do primeiro conjunto estiver relacionado (ligado) apenas com um elemento do segundo conjunto. Na matemática, dizemos que função é uma relação de dois conjuntos, por exemplo: f(x) = y, sendo que x e y são valores, onde x é um elemento do domínio da função (a função está dependendo dele) e y é um elemento da imagem. Podemos citar como exemplo, a relação entre o custo e o consumo em m³ de água. Isso porque, a conta de água está relacionada a quanto iremos gastar de m³ de água. Essa relação é uma função!
Domínio, contradomínio e Imagem?
Seja f uma função de A em B.
Nesta correspondência, o conjunto A é o domínio da função f, enquanto o conjunto B é denominado contradomínio da função f.
Usamos a notação ⨏: A→B (onde lemos: f é uma função de A para B) para indicar que estamos fazendo a correspondência de A, designado domínio, com o conjunto B, contradomínio. Escrevemos y = ⨏(x) para indicar que a função f associa o elemento x de seu domínio ao elemento y de seu contradomínio.
• Se um elemento x ∈ A, for relacionado a um elemento y ∈ B, dizemos que y é a imagem de x pela função ⨏. Logo, o conjunto de todos os elementos de B, que são imagens de algum elemento de A, é designado conjunto imagem da função f é denotado por Im(⨏). Sendo portanto, um subconjunto do contradomínio B.
• O elemento x é chamado de variável independente, pois ele é livre para assumir qualquer valor do domínio, e nomeia-se y de variável dependente.
Seja uma função definida por , em que os coeficientes , ,... são números reais e n um número inteiro não negativo. A função é denominada de função polinomial de grau n, a qual dependendo do grau n receberá nomes de funções polinomiais.
Podemos definir a função linear afim como uma aplicação quando a cada elemento associa o elemento onde é um número real dado. Isto é, a função é dada por:
Analisar a função f(x) = – x + 2.
A função quadrática, também nomeada função polinomial do 2º grau, é definida a partir de: f de R em R, dada na forma: f(x)=ax2+b+c com a, b e c pertencentes ao conjunto dos números reais, onde a ≠ 0. Vale salientar que o domínio desta função é o conjunto dos números reais e a representação de seu gráfico é a curva conhecida como parábola. Chamamos de raízes ou zeros da função polinomial do 2º grau dado por: f(x)=ax²+bx+c, a≠0, os números reais x que satisfazem f(x) = 0, ou seja, os valores da abscissa x que tornam y nulo. A descrição que nos permite obter as raízes é da forma:
, tal representação é denominada como fórmula de bháskara.
Como representar o gráfico da função quadrática dada por y = -x2+2x+3.
I. Definindo a concavidade da parábola.
Temos a = -1, como a < 0 a concavidade para baixo.
II. ∆ pode ser obtido por ∆ = b²-4ac
∆ = (2)² - 4(-1)(3)
∆ = 4 + 12 = 16
III. Cálculo das raízes.
IV. Assim por meio de encontramos o vértice V.
Chama-se função exponencial a função f de R em R* apresentada pela forma característica, em que a é um número real positivo e diferente de um.
Definição: ,com é exponencial se a>0 e a≠1.
Toda função que obedece a lei de formação , definida por , satisfazendo as condições de existências () chamamos de função logarítmica. Na definição apresentada destacamos o domínio da função f que simbolicamente representamos por e a imagem que é dada por .
Simbolicamente, temos:
Exemplo: Qual o valor de , pois se , então:
temos então , logo x=4, portanto .
O logaritmo em base e é chamado de logaritmo natural de x, denotado por ln x e definido como sendo a função inversa de , ou seja, o logaritmo natural de x, escrito ln x, é a potência de e de necessária para obter x. Em outras palavras, lnx = c significa que . Veja que “e” é outra base para o logaritmo, que possui uma denominação especial, mas que possui exatamente as mesmas propriedades já apresentadas. A figura a seguir apresenta o gráfico da função exponencial e lnx.
A função seno é a função , dada por , que associa a cada número real x, um único número , também real. Para construir o gráfico que representa a função seno no plano cartesiano, podemos atribuir alguns valores a x, a fim de obtermos os valores correspondentes para . Com isso, obtemos os pares ordenados .
Gráfico da função
A função cosseno é a função , dada por , que associa a cada número real x um único número , também real. Assim como no caso do seno, para construir o gráfico que representa a função cosseno no plano cartesiano, podemos atribuir alguns valores a x, a fim de obtermos os valores correspondentes para . Com isso, obtemos os pares ordenados .
Gráfico da função
Nesse gráfico, as retas tracejadas verticais são chamadas assíntotas e passam pelos pontos de abscissas , com . Algumas características dessa função:
• É periódica e seu período é . Isso pode ser justificado observando que: , com
• O contradomínio é , mas o domínio da função tangente é . No entanto, ao contrário das funções seno e cosseno, os valores de não estão restritos ao intervalo , ou seja, . Isso fica evidente na circunferência trigonométrica, pois os valores da tangente se estendem infinitamente para cima e para baixo sobre o eixo das tangentes.
Para compreendermos os limites vamos começar trabalhando a noção intuitiva. Seja a função f(x)=2x+1, vamos atribuir valores para “x’ que se aproximem de “1” por valores menores que 1(esquerda) e por valores maiores que 1(direita).
Notamos que à medida que x se aproxima de 1, y se aproxima de 3, ou seja, quando x tende para 1 (x 1), y tende para 3 (y 3), ou seja:
Observamos que quando x tende para 1, y tende para 3 e o limite da função é 3. Esse é o estudo do comportamento de f enquanto x ->1, x não precisa assumir o valor 1. Se f(x) tende para 3 (f(x) 3), dizemos que o limite de f quando x 1 é 3. Podem ocorrer alguns casos em que para x = 1 o valor de f(1) não seja 3.
Definimos como limite de uma função f quando “x” tende a “c” e é representado pela notação , como sendo o número L, tal que f(x) pode se tornar tão próxima a L quanto quisermos sempre que existir suficientemente próximo de “c”, com x≠c. Se existir escrevemos:
Podemos analisar o limite considerando cada lado separado. Dizemos que o limite esquerdo de f quando “x” tende a “a” é igual a L se pudermos tornar os valores de f(x) próximos de L, tomando “x” suficiente próximo de a desde que “x” seja menor que “a”. Notação:. O símbolo x→a- indica que estamos considerando somente valores “x” menores que “a” e da mesma forma para x→a+ indica que estamos considerando valores maiores que “a”. Pela definição teremos:
Exemplo: Como determinar o limite de ?
Vamos primeiro determinar o limite quando “x” tende a zero pela direita!
Para o módulo de um número positivo, teremos:
Determinando o limite quando “x” tende a zero pela esquerda!
Para o módulo de um número negativo, teremos -x, será o oposto do número:
Notação:
Assim, se o limite pela direita é igual a -1 e pela esquerda é -3, talvez o limite “L” não se define, observe a representação gráfica:
Representação gráfica da função
Percebe que no eixo vertical das ordenadas há uma lacuna entre os números -1 e -3 representando uma descontinuidade, na verdade o limite não se define.
Muitas das propriedades de limites são utilizadas com objetivo de simplificar as resoluções de algumas funções:
Leis do Limite Seja c uma constante e suponha que existam os limites
Então
1.
"O limite de uma soma é a soma dos limites"
2.
"O limite da diferença é a diferença dos limites"
3.
"O limite de uma constante vezes uma função é a constante vezes o limite da função"
4.
"O limite de um produto é o produto dos limites"
5.
"O limite de um quociente é o quociente dos limites (Desde que o limite do denominador seja diferente de zero)"
6. onde n é um inteiro positivo
7.
8.
9. onde n é um inteiro positivo
10. onde n é um inteiro positivo [Se n for par, supomos que a>0]
11. onde n é inteiro positivo [Se n for par, supomos que
Podemos observar que:
• Quando x se aproxima de zero, pela direita, y cresce indefinidamente superando qualquer valor arbitrário que fixemos, isto é, y tende a mais infinito.
• Quando x se aproxima de zero, pela esquerda, y decresce indefinidamente, isto é, y tende a menos infinito.
• Não existe porque os limites laterais são diferentes.
• Quando x cresce indefinidamente, o gráfico quase toca o eixo x, isto é, y tende a zero.
• Quando x decresce indefinidamente, o gráfico quase encosta no eixo x, isto é, y tende a zero.
4) Cálculo de uma indeterminação do tipo . Exemplo: Calcular o limite de
Observe que não é definida para x=3, e o numerador e o denominador da fração tendem a zero quando x se aproxima de 3.
Fatorando e simplificando, temos:
A aplicabilidade dos limites está associada ao cálculo de taxas de variações nas mais diversas áreas. Variação de tempo, acelereação, valores, são só alguns exemplos em que podemos uaar limites. A taxa de variação instantânea compreende um valor de variação num instante específico. No processo de se definir a taxa de variação instantânea, são consideradas taxas de variação médias em intervalos que vão diminuindo em torno de um ponto. Esse processo de tornar o tamanho do intervalo tão pequeno que se aproxime de zero, trata-se do cálculo do limite.
Percebe-se que a derivada de uma função num ponto é a taxa de variação instantânea naquele ponto.
Se existir o limite, então f é diferenciável em a. Uma expressão bastante usada para tratar de derivadas das funções é “cálculo diferencial”. Verifique que se x = a + h, então h = x – a e h tende
a 0 se e somente se x tende a “a”. Consequentemente, uma maneira equivalente de enunciar a definição da derivada é
Considere o exemplo extraído de Stewart (2010, p. 133) – Encontrar a derivada da função f(x) = x2 – 8x + 9 em um número “a”.
Há muitas notações usadas representar a derivada de uma função y = f(x). Além de f'(x), as mais comuns são:
Os operadores D e d/dx são chamados operadores diferenciais, pois indicam a operação de diferenciação que é o processo de cálculo de uma derivada. dy/dx é lido como “a derivada de y em relação a x”, e df/dx ou (d/dx)f(x) como “a derivada de f em relação a x”.
As notações que indicam a derivada de uma função também podem indicar um ponto em que se deseja avaliar a derivada, como segue.
O símbolo de avaliação (|x=a) significa calcular a expressão à esquerda em x = a.
Agora que você já conhece as notações para as derivadas de funções, aprenderá algumas regras de derivação. Essas regras permitem calcular a derivada de uma função rapidamente.
Regra 1 – Derivada de uma função constante é zero.
Regra 2 – Derivada de uma função potência, quando n for um número real qualquer.
Exemplo:
A regra da cadeia é a regra de derivação mais utilizada. Usamos esta regra quando a função a ser derivada é resultante da composição de outras funções. Dessa forma, a função composta f(g(x)) com f sendo a função de fora e g a função de dentro. Ou ainda,
z = g(x) e y = f(z), logo y = f(g(x)).
A regra da cadeia diz que a derivada de uma função composta é o produto das derivadas das funções de fora e de dentro, lembrando que a função de fora precisa ser calculada com a função de dentro.
A regra de cadeia poderá ser representada pela expressão matemática:
• [f(g(x))]’ = f’(z).g’(x) notação de linha
• notação de Leibniz
Vamos ver como funciona a regra da cadeia.
Exemplo 1: Determine a derivada da função y = (x² + 2)¹⁰⁰
Vamos considerar:
f(x) = (x² + 2)¹⁰⁰ e a sua derivada f(u) = u¹⁰⁰
g(x) = x² + 2 e a sua derivada g’(x) = 2x
Aplicando a Regra de Cadeia, teremos:
(f.g)’(x) = f’(g(x)).g’(x)
(f.g)’(x) = 100(x² +2) ⁹⁹. 2x
(f.g)’(x) = 200x (x² +2) ⁹⁹. 2x
Exemplo 2: Determine a derivada da função
Vamos considerar: a sua derivada
e a sua derivada
Aplicando a Regra de Cadeia, teremos:
Veja um exemplo. Calcule a derivada da função y=ln (x2+1). Solução: Para resolver essa derivada será necessário usar a Regra da Cadeia estudada no tema anterior. Então vamos escrever a função y em termos de uma função composta:
Dessa construção podemos dizer que y = f(g(x)), sendo z=g(x) e y= f(z) e a derivada pela regra da cadeia é: .
Se u(x) é uma função derivável, aplicando a regra da cadeia podemos generalizar as proposições:
Veja um exemplo. Calcule a derivada da função y=(1/2)√x. Solução: Para resolver essa derivada será necessário usar a Regra da Cadeia, como ocorreu no Exemplo 1. Então separar as funções menores que compõem a função y.
Substituindo os valores na fórmula da Regra da Cadeia:
A derivada para a função y = sen x é y’ = cos x. De forma análoga é possível chegar a derivada da função y = cos x é y´= - sen x. As demais funções trigonométricas são definidas a partir do seno e cosseno, podemos usar as regras de derivação para encontrar suas derivadas.
Veja um exemplo:
Usando a regra do quociente, obtemos:
De modo análogo, podemos encontrar:
Usando a regra da cadeia, obtemos as formas gerais das derivadas.
Veja a seguir alguns links sobre os temas estudados nesse texto.
Funções
https://www.youtube.com/watch?v=ot8n4I64A38
https://www.youtube.com/watch?v=Pt0ev9GpJJg
https://www.youtube.com/watch?v=DGy6CYTag8I
Limites
https://www.youtube.com/watch?v=o94j-PVi9gA
HUGHES-HALLETT, Deborah. Cálculo de uma Variável. 1ª ed. Rio de Janeiro: LTC - Livros Técnicos e Científicos, 2009. PLT 178.
ANTON, Howard. Cálculo – volume I, 8ª Edição. Bookman, 2007
HUGHES-HALLET, Deborah; McCALLUM, William G.; GLEASON, Andrew M. et al. Cálculo - A Uma e a Várias Variáveis - Vol. 1, 5ª edição. LTC, 2011 <https://goo.gl/hb6MUz>. Acesso em 03 de março de 2015.
HOFFMANN, Laurence D.; BRADLEY, Gerald L. Cálculo - Um Curso Moderno e suas Aplicações - Tópicos Avançados, 10ª edição. LTC, 2010 <https://goo.gl/VkktAo>. Acesso em 3 de março de 2015.
ÁVILA, Geraldo Severo de Souza; ARAÚJO, Luís Cláudio Lopes de. Cálculo - Ilustrado, Prático e Descomplicado. LTC, 2012 <https://goo.gl/EAV9bE>. Acesso em 3 de março de 2015.
ANTON, Howard. BIVENS, Irl. Davis, Stephen. Cálculo. 8º ed. São Paulo:Bookman, 2007<https://goo.gl/PCEG3C>. - Acesso em 3 de março de 2015.
MALTA, Iaci. PESCO, Sinésio. LOPES. Hélio. Cálculo de uma variável. 3º ed. Rio de Janeiro:PUC-RIO, 2007. Vol II. <https://goo.gl/fSncV1>. - Acesso em 3 de março de 2015.